Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Pub

O chá sempre foi um caso sério no Serendipity. Por isso tive mesmo que comprar uma embalagem desta marca especial, à venda no Dean & Deluca. Estou a contar experimentá-lo hoje.

Eufemismos

"Very low food security" foi a expressão utilizada pelo Ministério da Agricultura norte-americano para substituir “hunger”, com a justificação, dada por um sociólogo do Ministério, de que “hunger” não é um termo cientificamente quantificável.

Está bem visto porque “food security”, além de ser um conceito que se explica por si só, adapta-se muito bem à quantificação altamente científica de “very low”.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Era evidente que eu tinha de copiar esta citação até porque há pessoas neste blogue que não lêem blogues mas que ainda assim passam por aqui mais ou

menos uma vez por semana:

    "A new study from the University of Essex analysed speed-dating sessions, and found that every extra inch* of height a man has over his fellow Romeos correlates to an increase in the number of women who want to be introduced to him of 5 per cent.

    Furthermore, statistics show that tall men earn far more than their shorter comrades and are more likely to be offered promotion. I was, I realised, being discriminated against because of my height."

Eu já sabia isto e ele já sabia isto e ele também. Um artigo relevante para o tema das próteses em geral, embora eu seja contra a publicidade enganosa.

*Estamos a falar de cerca de dois centímetros e meio a mais.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Toda esta música

I never loved nobody fully
always one foot on the ground
and by protecting my heart truly
I got lost in the sounds
I hear in my mind
all these voices
I hear in my mind
all these words
I hear in my mind
all this music

[de «Fidelity», Regina Spektor]

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A melhor doutrina não se divide

O que existe é o acaso. Embora o acaso não aconteça por acaso.
[Estado Civil]

Tudo se faz pelo acaso e tudo se desfaz pelo acaso.
[Vício de Forma]

sábado, 25 de novembro de 2006

Vivendo e aprendendo a jogar

Uma foto tirada no aeroporto de Gatwick e enviada por um leitor mostra-me que alguém se lembrou de capitalizar a ideia do feliz acaso no mercado dos jogos. E há quem aproveite a mensagem para aprender a jogar. Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas aprendendo a jogar.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

O melhor insulto

Cara de celta, corpo de visigoda.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

[de «L’Ultimo Bacio», Carmen Consoli]

Magica quiete velata indulgenza
dopo l’ingrata tempesta
riprendi fiato e con intenso trasporto
celebri un mite e insolito risveglio

«L’Ultimo Bacio»

Um DVD com a palavra "bacio" na capa.

La storia di tutte le storie d’amore

O filme «L’Ultimo Bacio» foi adaptado para americano ver. Com Zach Braff (1,84m, Garden State mais aquela série cómica passada num hospital) e eu gosto tanto do Zach Braff.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Sapatos (4)

Por último, um apanhado de endolinques© sobre o tema: o sofrimento, a libertação (pela citação) e a recaída.

Sapatos (3)

No único ano em que fui ao Festival do Sudoeste apresentei-me no recinto com umas mules de salto alto. Porquê, santo deus? Não há explicação. Dispunha de toda a informação necessária a fazer-me compreender a total inadequação deste calçado para o fim a que se destinava. Além disso, ainda fui delicadamente advertida por terceiros que, antes de arrancarmos, olharam estupefactos para os meus pés. Resta-me a psicanálise: sabia que ia estar fora do meu elemento e nada me faria avançar sem a minha armadura especial.

Contra as expectativas, correu tudo muito bem. E nos concertos dos dias seguintes já pude ir de ténis.

Sapatos (2)

Tinha de ir fazer um recado à Baixa e decidi calçar uns sapatos da minha irmã, que usa um número abaixo do meu. Andava de olho naqueles sapatos e, como não ia estar na rua por mais de uma hora, achei que era a grande oportunidade de fazer o gosto ao pé.

Consegui voltar para casa com aparente dignidade. Não me descalcei em público, não rastejei pelo passeio. Depois fiquei dois dias sem poder pôr os pés no chão. Dois dias inteiros em que só me levantei para ir à casa de banho. Mais uns quantos dias em que só podia andar descalça. E foi por isto que faltei ao concerto dos Simple Minds em Alvalade, para o qual me tinham oferecido os bilhetes.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Sapatos

À atenção da Charlotte e dizendo de minha justiça:

Tenho uma relação difícil com os sapatos. Sei o quanto podem fazer por mim e conheço o sofrimento com que se fazem pagar pelas suas benesses.

Os sapatos verdadeiramente deslumbrantes têm que magoar ou que ser impróprios para andar. Têm que me dificultar a vida, provocando autênticos ataques de ansiedade perante o mais curto percurso pedestre. Se ficam muito bem mas são fáceis de usar, já não lhes acho tanta graça. Perco-lhes o respeito. Por fim, os sapatos ideais, lindos, fabulosos, são necessariamente aqueles que eu não tenho. Já os vi nos pés de alguém ou numa revista, mas não os encontro à venda e, no fundo, acho que não estou à altura de os usar.

Os meus pés, pernas, coluna e equilíbrio, sofrem muito com as minhas escolhas irresponsáveis. Lembro-me sempre do António Variações, “quando a cabeça não tem juízo / o corpo é que paga”. Mas logo concluo, “deixa-o pagar, deixa-o pagar / se tu estás a gostar”.

Tudo isto me levaria a fazer aqui um paralelismo que vou evitar. Fica apenas uma observação final para dizer que considero a palavra “sapatos” muito pobre para designar o artefacto em causa. Melhora um bocadinho se dissermos no singular - “um sapato lindíssimo” – mas é óbvio que estaremos a cair num brasileirismo (nada contra, pelo contrário).

[Seguem-se dois episódios a título exemplificativo.]

Trapézio

Returning to the trapeze once again, Carrie still finds herself unable to let go and be caught by her instructor. However, as the girls cheer her on from the sidelines, she realizes that with friends like that, she'll always have a safety net.

[Daqui, também para a Meg]

Sublime

adj. 2 gén. muito grande; elevado; excelso; muito nobre; grandioso; magnífico; esplêndido; estilo caracterizado pela elevação de pensamento e beleza de expressão s.m. o mais alto grau de perfeição (Do lat. sublime, «alto»)

Do Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora.
Para a Meg, "acusada" por um quase desconhecido de ser uma pessoa sublime. O mínimo que se poderá fazer será "acusar" o quase desconhecido de ser uma pessoa perspicaz.

Vida de mãe - episódio 39

- Mãe, posso fingir que tenho um irmão?

- Podes. Como é que ele se chama?

- Pedro.

- É mais novo ou mais velho que tu?

- Mais velho. Tem oito anos... Não, tem dez e é um bocado mentiroso.

- É parecido contigo?

- Não, é diferente. Tem olhos azuis, como os do Gonçalo (um amigo dele mais crescido).

De seguida, sentámo-nos todos à mesa para almoçar e o meu filho não se inibiu de comentar que o irmão era um pastelão porque nunca mais acabava a sopa.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

O filho (2)

Tenho pena de não ter comprado uma carrinha. Sempre quis uma menina. Talvez daqui por quatro anos.

O filho

Diferentes pessoas admiram o meu carro novo. Tecem-lhe grandes elogios, expressam uma pontinha de inveja e parabenizam-me sucessivas vezes com enorme convicção. Depois, vão-me perguntando como é que “ele” está.

É o mais próximo que já estive de ter um filho. Daí a angústia que me causou aquela raspadela na parede da garagem. Não é por mim, não é por “ele”; é pelos seus amigos e demais família. Mas ele está bem, obrigada.

I know a boy (2)

I know a boy
A boy called Trash, Trash Can
I know he does all that he can,
Wham bam

[de «Party Girl», U2]

I know a boy

I know a boy
A boy called Trampoline
You know what I mean
I think I know what he wants

[de «Party Girl», U2]

Espírito positivo

Este livro é muito bom (O Erro de Descartes, do mesmo autor, é mais difícil de ler e compreender). Aqui fica um excerto do capítulo que mais gostei, denominado os fundamentos da virtude.

“Escrevi no princípio deste livro que o meu regresso a Espinosa aconteceu quase por acaso, quando tentei verificar uma certa citação que tinha bem guardada num papel amarelecido pelo tempo. Nunca me tinha demorado a analisar as razões por que um dia guardei a citação. Hoje penso que devo ter intuído qualquer coisa de específico e radioso, qualquer coisa que agora me parece transparente.

A citação faz parte da Proposição 18 da Parte IV da Ética e diz o seguinte: “O primeiro fundamento da virtude é o esforço (conatum) de preservar o si individual, e a felicidade consiste na capacidade humana de preservar o si.”

(…)À primeira vista, as palavras de Espinosa soam como uma prescrição para a cultura egoísta do nosso tempo, mas nada mais podia estar longe do seu verdadeiro significado. Esta proposição é a pedra fundamental de um sistema ético extremamente generoso. É uma afirmação de que na base de toda e qualquer regra do comportamento que possamos pedir a um ser humano para seguir, há qualquer coisa de inalienável: um organismo vivo, um organismo que se conhece a si mesmo porque a mente desse organismo pôde construir em si, um organismo que tem uma tendência natural a preservar a sua própria vida. O estado de funcionamento óptimo desse mesmo organismo, que se confunde como estado de alegria, resulta da aplicação eficaz do esforço de preservar e prevalecer".

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Someone new

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Marie Antoinette

Um filme sobre bolos, sapatos e pessoas que se confundem com bolos e sapatos. Esteticamente atraente, embora esteja muito melhor aqui do que na cópia que eu vi no cinema.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Vida real (2)

"Segundo a acusação, o correio electrónico do blogue foi criado a partir do endereço IP do computador de sua casa, o que levou a que fosse indiciado pelo Ministério Público. Entre as testemunhas hoje ouvidas, o pai do réu encerrou a sessão e confirmou a tese da defesa, segundo a qual qualquer outra pessoa podia ter tido acesso à Internet através da ligação na casa em que o réu vive com os pais e um irmão.
Salientou que aquela ligação é partilhada entre amigos e familiares que frequentam a habitação e também por dois sobrinhos que vivem num andar inferior do mesmo edifício. 'Para além dos filhos e dos sobrinhos, ainda há os amigos', disse."

[daqui]

Vale a pena pensar nisto

"O que complica a construção da imagem que transmitimos dos outros, nos livros e nos filmes, é o facto de nunca estarmos absolutamente certos acerca do momento em que mais os respeitamos enquanto grupo e enquanto indivíduos: aquele em que os mostramos como sendo muito diferentes de nós, ou aquele em que os mostramos exactamente iguais a nós; aquele em que destacamos as particularidades, ou aquele em que descobrimos princípios universais. O antropólogo procede constantemente a experiências contraditórias: confrontado com as diferenças, constata diariamente que todos os homens se assemelham mais do que aquilo que diferem".

Acho que esta dúvida metodológica, de algum modo, se estende a todos nós, quando lidamos com as outras pessoas, mesmo quando estas não têm uma cor de pele diferente, nem vivem em contextos culturais distintos do nosso.

Excerto do livro A Antropologia de Marc Augé e Jean-Paul Colleyn.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Tramada

- Querias que ele fosse diferente?
- Essa pergunta, apesar de ser simples, é tramada.

domingo, 12 de novembro de 2006

A lista

Eu tinha uns 13 anos e, enquanto assistia ao Telejornal com a minha mãe, expus-lhe uma ideia que me ocorreu com o relato das notícias do dia. Consistia em fazer morrer prematuramente - talvez tenha usado o termo “matar” - pouco mais do que cinco ou seis pessoas em todo o mundo, no sentido de o tornar um sítio melhor.

A minha mãe, naturalmente, entusiasmou-se. Quis saber quem é que eu punha na lista. O Khadafi, “muito bem”. O Khomeini, “claro”. O Alberto João Jardim, “bem lembrado”. O Fidel Castro. Acabou-se a conversa.

sábado, 11 de novembro de 2006

A cores

É quase impossível encontrar um fotograma a cores do filme. Este que aqui está é do Ricardo. Obrigada.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Estranha forma de vida

Há dias, um homem que ainda não conheço bem, depois de me ter dito que “era casado mas…”, explicou em voz baixa mas de forma franca, que (ainda) não tinha deixado a mulher porque (ainda) não tinha encontrado alguém que valesse a pena.

Reconheceu não ter uma relação feliz mas afirmou também que a hipótese de viver só não se punha. Para ele, seria impensável suportar aquele estado intermédio em que já se largou uma pessoa mas ainda não se deu a mão a outra. Não seria capaz de conviver com a solidão, nem com a culpa que a mulher, os filhos e os amigos lhe atribuiriam.

Estava desiludido, tinha desistido de continuar a alimentar a sua relação amorosa com a mulher mas vivia o dia-a-dia sem se incomodar muito com o tema, tirando partido de outros aspectos da vida.

A páginas tantas, entrevi no rosto dele uma certa nostalgia, de quem sabia não ter vivido um grande amor. Contudo, o que acabou por se tornar bem patente foi o desconforto em relação ao aprofundamento do tema. Ficou visivelmente incomodado – talvez triste também – ao ponto de interromper a conversa e me convidar a falar sobre filmes.

À noite, em casa, sozinha comigo, pus-me mais uma vez a pensar no bem essencial que o amor não é para certas pessoas.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Undercurrent


Ele - 1,85m, ela - 1,71m mas nunca, em toda a sua carreira cinematográfica, terá usado sapatos rasos.

É um filme a preto-e-branco. Quem é mau só é mau e quem é bom é sempre bom. Com uma nuance. Nos primeiros 45 minutos, Alan (Robert Taylor) é bom e Michael (Robert Mitchum) é mau. Na segunda parte, descobre-se a verdade: Alan sempre foi mau e Michael é melhor que bom.

Katharine Hepburn não é Katharine Hepburn. Deram-lhe o papel de uma mulher insegura e dependente. Mas desconfio que aquela ansiedade e a sua natureza obsessiva foram apenas fórmulas para a caracterizar como “uma mulher apaixonada”, primeiro por um, depois pelo outro. Hepburn não se conformou e o resultado, apesar da boa prestação da actriz, é uma personagem inconsistente com a qual não se estabelece a menor empatia. Resumindo: nhec*.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

[De «Atlantic City», Bruce Springsteen]

Everything dies baby that's a fact
But maybe everything that dies someday comes back
Put your makeup on fix your hair up pretty
And meet me tonight in Atlantic City

O livro

Comprei mais livros do que discos, o que é um escândalo ainda mais porque a maioria dos livros comprados não tem quadradinhos. Vamos ver se chegarão a ser lidos.

Este livro tem quadradinhos e é a jóia da coroa das aquisições feitas. Trata-se da republicação da edição em four color comics dos filmes clássicos da Disney. Esta edição inclui a capa e a contracapa de cada exemplar, com alguns painéis de página inteira. O rebordo é naquele branco sujo do papel-jornal, tal e qual como as edições originais.

Contém: Branca de Neve e os Sete Anões (1944); Bambi (1942), Dumbo (1941), Alice no País das Maravilhas (1951), Peter Pan (1953) e, uma história que nunca chegou a ser filme, Os Sete Anões e o Dumbo (1944).

terça-feira, 7 de novembro de 2006

O melhor (melhorado)

Passámos o tempo a rir. E o que nos rimos. De manhã até à noite, tantas situações tomadas de imediato como hilariantes. Gargalhadas intermináveis daquelas em que ficamos com a cara toda congestionada. Disparates ditos ou feitos que nos continuavam a provocar um riso inexplicável horas, e mesmo dias, depois.

Afinal, “O melhor” não foi a vista do Observation Deck no Rockefeller Center. (Isto foi a Meg que me explicou.)

You know what’s going to happen and you watch it happen

"Deanie Loomis casará com o boy from Cincinatti após aquele breve olhar para a cama de casal. Warren Beatty ficará com as capoeiras. E Elia Kazan, que situou o filme em 1929, quando ele próprio tinha a idade dos seus protagonistas, ficou com a afirmação que fez (a Michel Ciment) “que a noção americana de que o amor é a solução para todos os problemas, só é verdadeira para uma sociedade inibida. Teremos sempre os mesmos problemas. ‘You have to save* them within yourself. Like a Greek play: you know what’s going to happen and you watch it happen’."

[do mesmo texto de João Bénard da Costa sobre o Esplendor na Relva. *Não será “solve”? Eu acho que é. Já agora, três endolinques©: este, este e este. E, além disso, a citação de Kazan vai dedicada.]

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Perfeito

O concerto foi absolutamente inesquecível. Este cantor é um senhor.

Tudo resto são pormenores: a acústica irrepreensível do Coliseu, as letras excelentes das canções novas, a orquestra por detrás daquela magnífica voz, os encores e o carro bloqueado à saída do espectáculo.

Esplendor na Relva

Eu sei que deanie loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste

A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de deanie quem desiste

na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquela que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais

lhe será dado ver o que ela era)
Mas em deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais

Ruy Belo

[Poema cujo primeiro verso é citado no texto de João Bénard da Costa sobre o filme exibido ontem no grande auditório da Gulbenkian. As legendas em espanhol pareciam querer transformá-lo numa comédia mas, ao fim de 5 minutos, o filme ganhou.]

Heterossexualidade compulsiva

"Expressa-se pela necessidade de ter muitas parceiras e práticas sexuais, pelo reforço da objectivação sexual da mulher e da referência ao acto sexual como conquista do outro na afirmação da identidade".

Eu não sabia que havia um nome científico para um fenómeno tão banal quanto este.

domingo, 5 de novembro de 2006

Madonna plagiou Margarida Rebelo Pinto

No passado dia 20 de Junho, Madonna lançou CD + DVD com o título “I´m Going to Tell You a Secret”, já depois de Margarida Rebelo Pinto ter pensado, pelo menos uma vez, em dar o título “Vou Contar-te Um Segredo” ao seu novo livro, publicado este mês.

Foram muitos meses a ler toda a espécie de títulos e rótulos de embalagens, em várias línguas, mas finalmente tenho resultados para mostrar. Estou à beira de prescindir do anonimato em prol da fama e da glória que mereço.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Mais um pedido

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

[«Bom Conselho», Chico Buarque]

Trocando em miúdos

Contaram-me que, nas semanas que antecederam a sua saída de casa, ouvia repetidamente esta música. Gosto de acreditar que estes eram os seus pensamentos e que houve emoção e desgosto na sua decisão. Muito mais do que um “não estou para isto”.

Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Programar o sonho

Li, demasiado depressa, três livros de Frederico Lourenço. Comprei o primeiro pelo título, «Pode um Desejo Imenso», e outros dois quando descobri que compunham uma trilogia. Sei que perdi uma oportunidade: não retive quase nada relacionado com Camões. Mas interessou-me a vida académica e, sobretudo, a novela familiar e romântica de Nuno Galvão.

Terminei o último livro tarde da noite e já deitada. Mesmo assim, levantei-me e fui ver a contracapa do primeiro livro onde sabia que estava uma fotografia do autor. Deve ter sido premeditado porque, nessa noite, sonhei com Frederico Lourenço (ou com o Professor Nuno Galvão, o que vai dar no mesmo) e assim fiquei a saber que é possível encomendar um sonho.

[Apesar dos pesares (de um pesar em particular), parece-me que será melhor do que sonhar com António Lobo Antunes.]

O cúmulo da auto-estima

”Honestamente, se tivesse que escolher um escritor, escolhia-me a mim.”

”Ler, leio. Leio imenso. O problema é que leio cada vez menos ficção, começo logo com vontade de corrigir. E acho muito fraco. No século XIX havia trinta génios a escrever – agora se houver três ou quatro é muito…”

”Sinto-me é cada vez mais seguro, e isso é muito agradável. Porque é óbvio que cada vez estou a escrever melhor”.

Excertos da entrevista do António Lobo Antunes à Pública (29.10.06)