Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Indispensáveis #10

O lendário espelho do Snoopy, surripiado à minha irmã há cerca de 20 anos.

Sobre a disciplina 4

Sempre associei a disciplina à submissão, à rotina e à falta de originalidade. Até há bem pouco tempo, não só não retirava nada de positivo deste conceito como até tinha uma certa vaidade na minha rebeldia emocional.

Só agora entendo que o acatamento voluntário de regras pressupõe um exercício fundamental de autocontrolo, revelador de maturidade e saúde psíquica.

Só agora entendo que nem tudo o que é valioso na vida é feito de arrebatamentos ou drama e que não é preciso pôr tudo em causa a toda a hora para sermos verdadeiros connosco e com os outros.

Só agora entendo que há certas realidades que apenas se revelam quando conseguimos esperar e gerir a nossa dor sem deitar tudo a perder.

Sinto que nestes últimos três anos mudei muito, talvez para melhor. Contudo, não deixa de ser irónico o facto destes princípios não me terem conduzido aos resultados pretendidos, a não ser que o insucesso actual se deva ao facto de ainda só me encontrar a meio caminho.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Dez anos é muito tempo

They've tortured and scared you for twenty odd years
Then they expect you to pick a career
When you can't really function you're so full of fear
[de «Working Class Hero», John Lennon]

Por estes dias do final de Setembro, completo dez anos de actividade profissional. Há dez anos atrás acabei o curso, comecei a trabalhar na área da respectiva licenciatura e nunca mudei de emprego. É natural que muita coisa tenha sido sacrificada pelo caminho, mas a progressão profissional foi assegurada.

Desde a adolescência que o meu projecto era obter absoluta independência económica e sucesso profissional. Então, parecia-me irrealizável. Agora parece-me modesto. A altura em que se perde o projecto é complicada, mesmo quando isso se deve à sua concretização.

O mais difícil é encontrar outro objectivo. Em especial, quando se trata de encontrar o primeiro objectivo realmente nosso, que não nos tenha sido cultural ou geneticamente transmitido*. Mas, depois, ainda haverá que, de alguma forma, sacrificar o projecto anterior em benefício do novo.

Há dez anos e um mês fui, pela primeira vez, a Nova Iorque. Vou (re)começar por aí.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Sam no feminino (2)


There is no 'situation' except for you being a complete asshole.
Maya Stange em «XX/XY»

Que medo

The Movie Of Your Life Is A Cult Classic
Quirky, offbeat, and even a little campy - your life appeals to a select few. But if someone's obsessed with you, look out! Your fans are downright freaky. Your best movie matches: Office Space, Showgirls, The Big Lebowski.

If Your Life Was a Movie, What Genre Would It Be?

Via film noir.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Vida de mãe - episódio 37

Fiquei horrorizada com a primeira profissão que o meu filho escolheu. Há um tempo atrás, comunicou-me que queria ser jogador de futebol do Benfica (eu não vos contei mas o milagre aconteceu: ele trocou o FCP pelo Glorioso).

Felizmente, decorridos uns meses, mudou de ramo e optou pela medicina veterinária. Menos mal, so far.

Além da roupa e dos livros

Take back the pain you gave me
Take back what doesn't belong to me
Take back the shame you gave me
Take back what doesn't belong to me

[de «What Doesn't Belong to Me», Sinead O’Connor]

Sam no feminino (1)


You gotta hear this one song. It'll change your life. I swear.
Natalie Portman em «Garden State»

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Há pessoas assim (cont.)

A empatia nasce da autoconsciência; quanto mais abertos formos às nossas próprias emoções, mais capazes seremos de ler os sentimentos dos outros. Os alexitímicos como Gary, que não fazem a mínima ideia do que eles próprios sentem, ficam completamente em branco quando se trata de perceber o que sentem aqueles que os rodeiam. São emocionalmente surdos. As notas e acordes emocionais que permeiam as palavras e as acções das pessoas – o tom de voz que tanto diz ou a mudança de postura, o silêncio eloquente ou a tremura reveladora, - passam-lhes completamente despercebidos.

Confusos a respeito dos seus próprios sentimentos, os alexitímicos ficam igualmente desnorteados quando as outras pessoas lhes falam dos seus. Esta incapacidade de registar os sentimentos alheios constitui um fortíssimo défice de inteligência emocional, e uma trágica falha naquilo que significa ser humano. Em qualquer relação, as razões da solicitude nascem da sintonia emocional, da capacidade de sentir empatia.

Excerto do livro A inteligência emocional de Daniel Goleman.

Há pessoas assim

Não é que os alexitímicos nunca sintam, mas são incapazes de saber – e em especial incapazes de descrever – precisamente que sensações têm. São profundamente deficientes nessa aptidão fundamental da inteligência emocional que é a autoconsciência: sabermos o que sentimos no momento em que as emoções se agitam dentro de nós. Os alexitímicos desafiam a convicção generalizada de que aquilo que sentimos é perfeitamente evidente: a verdade é que não fazem a mais pequena ideia. Quando alguma coisa – ou mais provavelmente alguém – os leva ao sentimento, acham a experiência confusa e perturbadora, algo que é preciso evitar a todo o custo.

Excerto do livro A inteligência emocional de Daniel Goleman.

Tens feito exercício?

Voltei a sentir-me triste e desiludida mas, desta vez, também fiquei muito zangada.

domingo, 24 de setembro de 2006

Volver (2)

Elaine - No, no, no, you don't understand! I'm not a lesbian! I hate men, but I'm not a lesbian!

[de «The Subway», 13º episódio da 3ª série do Seinfeld]

Volver

Não há um homem que preste, nos filmes de Pedro Almodovar. Faz lembrar a misoginia de certos heterossexuais.

sábado, 23 de setembro de 2006

Matrioshkas

If I think about all the girls I've known or slept with or just desired, they're like a bunch of Russian dolls. We spend our lives playing the game, dying to know who'll be the last. The teeny-tiny one, hidden inside all the others. You can't get to her right away. You will have to follow the progression. You have to open them, one by one, wondering, "Is she the last?".

[Versão inglesa das palavras de Xavier em «Les Poupées Russes». Uma desculpa para a música a tocar no canal Sam.]

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Arqui-inimigos (2)

Recentemente, desenvolvi a teoria segundo a qual a actividade dos arqui-inimigos blogosféricos, ainda que não remunerada, poderia fazer parte de uma divisão de tarefas. Qualquer coisa como: "Tu, Silva, ficas dispensado de colar cartazes. Estás encarregue de perseguir os infiéis na blogosfera. O que é que já fizeste para cumprir o plano?©". E o Silva lá mostrava os seus postezitos coléricos. É uma ideia.

Arqui-inimigos

Lev Grossman é um escritor, crítico literário e cronista universalmente desconhecido para mim. Escreveu uma crónica engraçada na última TIME, sobre os arqui-inimigos angariados na blogosfera. Grossman não desmerece o impacto que as palavras demolidoras de um antónio qualquer (que assina Ed "Campeão") têm sobre ele, pelo contrário, e conclui que ele e o campeão não serão muito diferentes, tirando o facto de Grossman ser pago para escrever.

O que mais gostei do texto de Grossman foi a descrição da forma como ele lê os posts que o atacam:

    I'm not actually sure of his exact words, because I have a hard time reading his blog entries. I don't really look at them directly - I'm kind of hypersensitive to criticism, so I just side-glance at them, squinting, with my head at an angle to the monitor.

Sei que já li uns quantos emails fazendo exactamente estas caretas. Para ver se não aleija.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

A vida é difícil

Porque é que depois de termos finalmente decidido afastarmo-nos de alguém de quem gostamos, damos de caras com essa pessoa numa quinta-feira de manhã chuvosa?

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

[de «The Other Side», David Gray]

Another mirage folds into the haze of time recalled
And now the floodgates cannot hold
All my sorrow all my rage
A tear that falls on every page

TPC

"Je ne connais qu'un devoir: c'est celui d'aimer."

Albert Camus

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Tendências

”Vivem juntos, dormem abraçados, continuam a jurar amor para sempre, mas não fazem sexo, nunca. Porque não gostam e não têm vontade. São os casais assexuais.” Excerto de um artigo publicado na revista Sábado.

Para saber mais sobre este fenómeno, clique aqui.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

I remember that

"Sem memória, uma pessoa deixa de o ser."
[Maria Filomena Mónica, revista «Pública» de 17.09.2006, numa crónica sobre a doença de Alzheimer]

Não consigo deixar de considerar a falta de memória como uma falha grave. Relevo-a nas pessoas de quem gosto muito, mas, ainda assim, os esquecimentos, pequenos ou grandes, causam-me enorme desgosto. É-me difícil distinguir a falta de memória da falta de interesse. Seria diferente se eu própria não me lembrasse.

Por outro lado, uma boa memória revela-nos todas as mentirinhas insignificantes (e cheias de significado) de quem nos rodeia. É um fardo. O que fazer quando a mesma pessoa nos conta outra versão dos mesmos factos que nos relatou há semanas ou meses ou anos atrás? Mais do que a pequena adulteração da verdade, incomoda-me a desconsideração de quem, por falta de memória, não consegue ser fiel à sua mentirita.

Como se diz numa música dos Prefab Sprout, nothing sounds as good as "I remember that". É das coisas que mais gosto de ouvir.

A minha intersecção giratória de ordenamento do tráfego

É a vigésima nona (atenção: exo-auto-linque com características circulares). Tem oliveiras geneticamente modificadas e mini-moinhos de vento. A placa no canto inferior esquerdo anuncia: “Migração”. Profundo.

[já agora, a Sam é uma menina.]

domingo, 17 de setembro de 2006

Shplendid

Uma festa no campo, à beira da piscina, embora sem mergulhos.

sábado, 16 de setembro de 2006

A minha experiência com o novo «Sol»

1º Não traz dvd. Em compensação, um senhor desvairado a falar ao telemóvel interpelou-nos bruscamente para perguntar: “Onde é que compraram o Sol?”, coisa que nunca me aconteceu nos Sábados em que costumava transportar o «Expresso».

2º Tem o “Cãotraste”, de Augusto Cid, que me fez soltar uma sonora gargalhada com o seguinte diálogo:
- Vou lançar um jornal só dedicado à necrologia!
- Mas que mau gosto! Ninguém vai comprar isso!
- Mesmo oferecendo um DVD?

É isto. Vou continuar recolhida por mais umas horas. Tenho de amortizar as resmas de papel que hoje trouxe para casa.

Passa palavra

Toda a gente tem de ver este filme. É absolutamente imperativo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Oh my, oh my, have you seen the weather? The sweet September rain

When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you

[de «When Love Breaks Down», Prefab Sprout, cantado por Lisa Stansfield]

Metonímia - mais uma imagem

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Indispensáveis #9

Sa cosa stavo pensando?

Nas letrinhas manuscritas, lê-se com dificuldade: "Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. Nanni Moretti".

Tenho este poster emoldurado a vermelho (ou encarnado?) e pendurado no meu gabinete, há cerca de cinco anos. Já me valeu, por diversas vezes, o epíteto de “comuna”. Um julgamento precipitado que atribuo ao desconhecimento da língua italiana.

Segui o teu conselho

Pela primeira vez na vida, pintei as unhas de vermelho.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Sooooooooooooonsa, mega-sonsa!

A minha experiência com o novo “Expresso”

Não compro o “Expresso” há quase três anos mas isto de oferecer dvds é um golpe baixo. Cheguei ao ponto de venda habitual pelas 13 horas. A pilha do “Expresso” não evidenciava qualquer fenómeno de escassez. Ultrapassei o Souto Moura pela direita e aproximei-me: o filme oferecido era o «Lost in Translation». Já tinha. Não comprei o novo formato.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Chocoholism - parte 1

You may have heard that chocolate contains the same chemical that the brain creates when we’re feeling romantic love. This chemical, phenylethylamine (pronounced fennel-ethyl-a-meen) and abbreviated as PEA, has the same properties whether found in chocolate or in the brain.

PEA is so powerfully mood-altering that is used to be a prescribed medication! Until the early 1980s, PEA was the main ingredient in a pill called MDMA. Then it was declared an illegal drug and was taken off the market. Today, the same pill is sold on the streets as “Ecstasy” or “X”.

Excerto do livro Constant Craving de Doreen Virtue.

Chocoholism - parte 2

Why do we crave chocolate to such a degree? Why do women, in particular, struggle with chocolate cravings? There are four possible reasons:

1. Love and emotional attachments are so important to women, and chocolate creates the feeling of being beloved, cherished, and understood.

2. Our hormonal shifts throughout our menstrual cycle trigger cravings.

3. More women than men seek help for depression, and chocolate is an excellent, albeit temporary, antidepressant.

4. Women who do too much, who attempt Superwoman life-styles, sometimes use chocolate to boost their energy.

Excerto do livro Constant Craving de Doreen Virtue.

Chocoholism - parte 3

Este foi o previsível resultado do teste efectuado para apurar o grau do meu vício:

“You are definitely a chocoholic and you know it. You prefer chocolate to any other flavor, and you wouldn’t dream of ordering a vanilla ice cream cone. You’ve driven across town to get your favourite chocolate treat, even when you’re short on time or money. You’ve eaten chocolate to celebrate good times, as well as to comfort yourself during the bad times.

During certain periods in your life, you’ve felt out of control around chocolate, like an alcoholic around alcohol, and there have been many times when you’ve felt you couldn’t stop eating the chocolate candies or cookies in front of you. You know you’re addicted to chocolate, at least psychologically, and you loathe diets because they make you give up your favourite food".

Excerto do livro Constant Craving de Doreen Virtue.

sábado, 9 de setembro de 2006

Em algarvio:

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

No país das assimetrias

Quando a roupa do meu filho deixa de lhe servir e os brinquedos já não se adequam à idade dele, dou-os (quanto a estes últimos, após o prévio consentimento do miúdo, claro). Foi isso que fiz com um triciclo e um pequeno camião que se encontravam ainda em bom estado.

Desloquei-me então à Casa do Gil. Toquei à porta e entrei num espaço com óptimo aspecto, um grande jardim, um ambiente sereno e uma casa linda a cheirar a novo. Fui atendida por um rapaz muito simpático que agradeceu a minha contribuição mas que me explicou que dada a mediatização da instituição e das consequentes ofertas, não necessitavam daquele tipo de artigos.

Surpreendida e contente, resolvi ir bater a outra porta, à da Associação Sol, situada na Tapada da Ajuda que cuida de crianças infectadas pelo vírus da SIDA. Apesar de me terem recebido com a mesma simpatia, tudo me pareceu diferente. Aqui, não havia jardim, a casa parecia ser mais pequena e o estado de espírito bem menos confiante. Aceitaram de imediato o que eu tinha para dar e quando perguntei o que é que lhes fazia mais falta, responderam-me com um ar apreensivo: fraldas e papas.

Fiquei com um nó no estômago. Esta instituição necessita do básico.

Vida de mãe - episódio 36

Acho que a ideia de escrevermos cartas aos nossos filhos pequenos tem a sua graça e utilidade. É uma forma de os ajudarmos a conhecerem-se melhor: quando forem mais crescidos, poderão obter informações concretas sobre a sua infância, sem a distorção e o esquecimento que o passar do tempo fabrica.

Saberão, por exemplo, que tipo de bebé é que foram, quando é que largaram as fraldas e a chucha ou começaram a andar, como é que foi a adaptação à escola, onde é que passaram férias, quem eram os seus amigos, os seus brinquedos favoritos, de que modo é que venceram desafios ou ultrapassaram acontecimentos tristes ou desagradáveis, etc.

Lembrei-me de escrever pela primeira vez ao meu filho quando ele fez dois anos (agora, tem quatro). Há dias, no meio de uma série de papelada, encontrei a carta, reli-a e fiquei tão emocionada ao reviver aquelas lembranças que decidi imediatamente voltar a fazer o mesmo com a ansiedade de quem, ainda por cima, sabe não ter uma memória na qual possa confiar.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

[de «Fighting Talk», Everything But The Girl]

Fighting talk on the stairs
Is enough to show who never cared
Fighting talk, who will be spared
The abuse that's always hurled as you curse and swear

Dia de eclipse

Primeiro, o choro de uma menina de uns quatro ou cinco anos. Uma voz de homem saía com dificuldade, como se rangesse os dentes enquanto falava, mas não se dirigia à criança: “nunca... mais... digas... essa palavra”, “sai da minha frente”, “larga-me”.

Por esta altura percebo que isto não faz parte do meu sonho. Está a passar-se no patamar da escada do prédio, a três ou quatro metros da minha cama. A mulher emitia uns gritos entrecortados, parecia teatralizar o efeito de ser afastada do caminho pelo marido. Mais acima, provavelmente apenas com a cabeça de fora da porta de casa, uma voz de rapaz adolescente chamava: “Pai? Pai?”.

O homem, quase no fim das escadas, insiste: “sai da minha frente, larga-me”, até que a porta do prédio se fecha com estrondo. A criança pára de chorar. Instala-se o silêncio. Ouvem-se uns passos de regresso ao andar de cima.

Eu hoje acordei assim©, angustiada com o drama alheio como se fosse o meu.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Nunca mais, pelo menos até amanhã

What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow
So, for at least until tomorrow,
I'll never fall in love again

[«I'll Never Fall In Love Again», Elvis Costello]

Indispensáveis #8


Oferecido pela Carla há um mês, acompanhou, com este olhar atento, as aventuras de Joel Backman na Toscânia.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

No coração desta terra

Não sugiro a leitura deste livro de J. M. Coetzee a quem se encontrar num estado deprimido ou equivalente.

A história de uma mulher que habita uma quinta algures na África do Sul é tão desinteressante, quanto violenta. Este paradoxo torna-se muito desconfortável, assim como as palavras que ela usa (a narrativa é feita na primeira pessoa), por serem muito gráficas e mórbidas.

A escrita deste autor galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, apesar de estranha, é cativante mas reconheço que não me apetece conhecer melhor a sua obra, com receio de voltar a ler um texto tão pesado e sufocante quanto este.

domingo, 3 de setembro de 2006

Uma birra intemporal

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Sobre o medo

“As muralhas que erigimos à nossa volta sempre que nos sentimos emocionalmente ameaçados são muralhas de medo. Tememos ser magoados, rejeitados, ostracizados. Sentimo-nos ameaçados pela nossa vulnerabilidade e construímos uma parede à nossa volta para não sentirmos. Suprimimos as nossas emoções.

Por vezes, chegamos ao ponto de rejeitar a pessoa ou as pessoas que nos ameaçam, antes que elas nos rejeitem. Agredimo-las antes de elas levantarem sequer um dedo para nos atacar. Este tipo de auto-protecção é designado por contra-ataque fóbico. Infelizmente, os muros que erguemos à nossa volta magoam-nos mais do que a dor que qualquer pessoa nos possa infligir. Os muros bloqueiam-nos, encerram os nossos corações e pioram a nossa condição. Quando nos emparedamos a nós próprios, quando nos separamos das nossas emoções e sentimentos, nunca conseguimos chegar à origem do nosso sofrimento, aos nossos medos e vulnerabilidades subjacentes. Não conseguimos compreender as verdadeiras bases dos nossos problemas. Não conseguimos curar-nos; não conseguimos ser um todo.”

Excerto do livro A divina sabedoria dos mestres de Brian Weiss.

Um homem em italiano

The Broker

Comprei este último livro de Grisham no aeroporto de Gatwick sem saber do seu particular atractivo. É que grande parte da acção passa-se em Itália. O propósito é transformar um americano num italiano, ou seja, "isto, meus amigos, é ficção e da boa"©.

Pelo caminho vamos acompanhando as aulas de italiano, o enquadramento sócio-económico de diversas cidades na Toscânia, a História associada a alguns dos monumentos, a descrição detalhada das refeições ingeridas e uma série de dicas de comportamento que achei bastante pertinentes, como estas:

    "Only tourists order cappuccino after lunch or dinner. A disgrace. All that milk on a full stomach."

    "The men of northern Italy were much more concerned with style and appearance than Americans. There were more jackets and tailored slacks, more sweaters and ties. Much less denim, and virtually no sweatshirts or other signs of indifference to appearance."