Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Estranha forma de vida

Há dias, um homem que ainda não conheço bem, depois de me ter dito que “era casado mas…”, explicou em voz baixa mas de forma franca, que (ainda) não tinha deixado a mulher porque (ainda) não tinha encontrado alguém que valesse a pena.

Reconheceu não ter uma relação feliz mas afirmou também que a hipótese de viver só não se punha. Para ele, seria impensável suportar aquele estado intermédio em que já se largou uma pessoa mas ainda não se deu a mão a outra. Não seria capaz de conviver com a solidão, nem com a culpa que a mulher, os filhos e os amigos lhe atribuiriam.

Estava desiludido, tinha desistido de continuar a alimentar a sua relação amorosa com a mulher mas vivia o dia-a-dia sem se incomodar muito com o tema, tirando partido de outros aspectos da vida.

A páginas tantas, entrevi no rosto dele uma certa nostalgia, de quem sabia não ter vivido um grande amor. Contudo, o que acabou por se tornar bem patente foi o desconforto em relação ao aprofundamento do tema. Ficou visivelmente incomodado – talvez triste também – ao ponto de interromper a conversa e me convidar a falar sobre filmes.

À noite, em casa, sozinha comigo, pus-me mais uma vez a pensar no bem essencial que o amor não é para certas pessoas.

2 Comments:

Blogger Sam said...

Como diz a Maria Rita: "Foi escolher o mau-me-quer / Entre o amor de uma mulher / E as certezas do caminho".

11:52 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Acho que é mais...o medo terrível , que uns mais que outros, têm da solidão,ou talvez de estar sozinhos consigo próprios.

12:16 da tarde  

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