Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Voando sobre um ninho de cucos (cont.)

No entanto, já arranjei involuntariamente maneira de pôr o referido elogio em causa.

Desde que me conheço, que tenho por hábito observar todas as pessoas com quem me cruzo, designadamente, as que partilham a mesma carruagem do metro que eu.

Hoje de manhã, dei-me mais uma vez conta do meu anormal grau de perspicácia visual, ao reparar que a senhora que vinha sentada à minha frente trazia vestido um casaco que, sem qualquer sombra de dúvida, já tinha sido meu.

Num primeiro momento, não só achei graça, como até me confortou atestar que o vestuário que nós deixamos de usar, é efectivamente aproveitado por alguém.

Mas depois, fiquei a matutar num pensamento menos politicamente correcto e mais auto-crítico: será que é mentalmente saudável andar de tal modo conectada com a realidade humana que me rodeia?

Voando sobre um ninho de cucos

Alguém, qualificado para o efeito, afirmou que a forma como eu reagia perante as armadilhas da vida era uma prova da minha inequívoca saúde mental.

Fiquei toda contente, a achar que tinha acabado de ouvir um grande elogio.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As imagens comem-me as palavras

Se existisse Youtube nessa altura, acho que não teria escrito isto, nem isto. Este blogue só não está soterrado debaixo de vídeos, tiras e fotos, devido a uma contenção férrea. Para uma pessoa com queda para o pensamento visual (não vamos agora fulanizar), o caminho da imagem é sempre uma tentação perante o calvário da palavra, que, não obstante, constitui um desafio estimulante. Isto para dizer que não me posso deixar cair no Yutube.

Conto com a Charlotte para cilindrar a minha teoria (que é sobre mim mas tem pretensões mais elevadas, apenas reveláveis entre parêntesis, do tipo sensacionalista “o recurso ao Youtube pode matar a palavra escrita na internet”. Ui.).

domingo, 27 de janeiro de 2008

Iniciação à cozinha

Continuando no tema dos presentes de Natal, fui beneficiada com outra ideia bastante original: um vale para as aulas da Cozinhomania. A Karma entregou-me também um calendário com os diferentes cursos ministrados, onde se incluem “Cozinha Vegetariana”, “Tartes”, “A Essência da Cozinha Alentejana”, entre outros.

Por razões que a razão desconhece e apesar da minha experiência um pouco mais avançada, optei pela “Iniciação à Cozinha 1” ou, como lhe chamei, “o curso do arroz branco”. E fiz eu muito bem! As aulas – tive ontem a primeira - são dadas por Carlos Braz Lopes, o grande criador do melhor bolo de chocolate do mundo e um professor muito animado. Aprendi imensos segredos para melhorar um prato banal (uma sopa de cenoura, por exemplo) e almocei lindamente.

Indispensáveis #14


Só para mulheres

Este estranho engenho foi-me oferecido no Natal pela Inês e já faz sucesso. Trata-se de um cabide portátil. Aquela chapa colorida por Miró fica apoiada na mesa suspendendo o gancho metálico onde se pendura a alça da mala.

Conhecem a situação de se sentarem à mesa do restaurante e não conseguirem enganchar a mala em lado nenhum? Às vezes dá para pendurar nas costas da cadeira, outras vezes arranjamos uma cadeira extra onde as amontoamos, mas passamos sempre uns minutos com a mala na mão a tentar perceber onde é que a podemos largar e, em casos desesperados, vamo-la deixando escorregar a medo até ao chão e tentamos não pensar mais nisso.

Logo na primeira utilização tive de explicar muito bem o que estava a fazer, creio que suspeitaram que estivesse a esconder um microfone na mesa do almoço. Recentemente testámos a resistência do artefacto onde pendurámos, sem dificuldade, duas malas.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Especialmente dedicado ao próximo autocarro:

The Candy Heart You Should Give Is:
To: Your Crush
From: Sam

Ha!

Your Power Bird is a Swan
You are a truly graceful and gorgeous creature.
You easily see beauty in yourself and others.
Intuitive and in touch, you can often guess what the future will bring.
And you're flexible enough to accept the changes that life has in store for you.

O que é curioso porque ainda no passado Domingo comprei um pacote de mini-snickers

Snickers

Nutty and gooey - you always satisfy.

Ao vivo a partir do pc novo o qual devido ao widescreen tem uma letra muito miudinha mas em compensação reconhece a impressão digital do meu indicador

direito.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Agora é contigo

Empurrada pela estrelas, mandei o meu superego às urtigas.

Para ti, que gostas muito de gatos

Conheces os maine coon? Bem sei que ainda não tens luz verde para levar um destes (ou outro) para casa mas, se puderes, dá uma pequena espreitadela. Estes bichos são lindos de morrer.

Peço desculpa pela publicidade e pela imodéstia mas não resisiti.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Força de expressão

Amanhã, ligo-te.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Não te sei responder a essa pergunta

Nem sequer tive coragem de ir ver há quanto tempo não escrevia. Acho que se o tivesse feito, já não teria lata para voltar a publicar um postezinho que fosse.

Claro que há razões objectivas para um silêncio tão prolongado, tais como a recente mudança de emprego e os exames na faculdade. No entanto, julgo que o verdadeiro motivo tem a ver com o facto de eu ainda não ter tido a coragem de colocar definitivamente os quereres à frente dos deveres.

Este estado de alma faz-me andar às voltas, sem saír do sítio. A sensação é péssima. Inibe-me de pôr no papel o que sinto, com receio de não subscrever no dia seguinte, a ordenação que formulei no dia anterior.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A ironia (2)

"Everything's a joke with you," he said.
"Nothing's a joke with me. It just all comes out like one."

[de «Like Life», Lorrie Moore]

A ironia

And I am the one who will never die young
I am a martyr and I cannot hide
But I'm not a winner
I am just brilliantly bitter
I'm sealed by my skin
But broken inside

[de «Never Die Young», Lori Mckenna]

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O aparelhinho

    O grande mistério para mim permanece: de que falamos quando falamos de audiências? Sobretudo: de quem falamos? Nunca conheci uma única pessoa que contribuísse para estes números que ditam sucessos ou derrotas. Não encontrei uma única pessoa que tivesse audímetro no seu televisor. Não conheci ninguém que conhecesse alguém que tenha o aparelhinho em casa. [Rodrigo Guedes de Carvalho na revista "Única" de 05 de Janeiro de 2008. O meu pai e a minha irmã compram o "Expresso"! A minha irmã chega ao ponto de ler certas crónicas.]

Sendo os resultados das audiências tão importantes para os canais de televisão, com certeza que os canais de televisão devem ter alguma informação sobre como se processa a recolha dos dados. Esta informação não passa por ser apresentado a pessoas que tenham um audímetro em casa. Aliás, o desconhecimento invocado por Rodrigo Guedes de Carvalho é até sinal do cumprimento das regras de triagem seguidas pela Marktest que obrigam a que o sondado não tenha familiares ou amigos a trabalhar em canais de televisão.

Mas já me parece importante, por exemplo, averiguar se se confirma a informação que me foi dada por um técnico da Marktest, segundo o qual esta empresa não dispõe de equipamentos que permitam ligar audímetros a televisores plasma ou LCD. Ou seja, os 1000 lares perscrutados, que se pretendem representativos de universos diversificados, terão em comum a circunstância de serem pouco consumistas, mantendo a uso televisores que estão a cair em desuso.

São várias as limitações técnicas da Marktest. Surpreende-me que o Rodrigo Guedes de Carvalho não conheça nenhuma delas mas, ainda assim, escreva um texto a pôr em causa a credibilidade dos resultados das audiências. Sou só eu que acho que os jornalistas sabem pouquíssimo sobre os assuntos de que escrevem?

Enfim, vai fazer três anos em Abril que aceitei passar a contribuir para estes números e só agora reparo que não conheço ninguém que conheça alguém que alguma vez tenha falado de mim ao Rodrigo Guedes de Carvalho, o que prejudica seriamente a utilidade do meu contributo.

The Maias


01-10-2007, Harvard Book Store, Cambridge, Massachusetts
staff recommendation

I jumped the gun at this one. Encouraged by reports that Eça de Queirós was Portugal's Dickens-Balzac-Tolstoy, I read the translation of The Maias that preceded this one. I really liked it (I'm a fan of dense novels of late-19th-century decadence), but I did find it a bit clunky. Having read a few chapters of Margaret Jull Costa's new translation, I finally feel confident recommending what was, even in a less elegant translation, a splendid novel. (…)