I remember that
"Sem memória, uma pessoa deixa de o ser."
[Maria Filomena Mónica, revista «Pública» de 17.09.2006, numa crónica sobre a doença de Alzheimer]
Não consigo deixar de considerar a falta de memória como uma falha grave. Relevo-a nas pessoas de quem gosto muito, mas, ainda assim, os esquecimentos, pequenos ou grandes, causam-me enorme desgosto. É-me difícil distinguir a falta de memória da falta de interesse. Seria diferente se eu própria não me lembrasse.
Por outro lado, uma boa memória revela-nos todas as mentirinhas insignificantes (e cheias de significado) de quem nos rodeia. É um fardo. O que fazer quando a mesma pessoa nos conta outra versão dos mesmos factos que nos relatou há semanas ou meses ou anos atrás? Mais do que a pequena adulteração da verdade, incomoda-me a desconsideração de quem, por falta de memória, não consegue ser fiel à sua mentirita.
Como se diz numa música dos Prefab Sprout, nothing sounds as good as "I remember that". É das coisas que mais gosto de ouvir.
2 Comments:
indeed!
Há dias escrevi um texto sobre serendipity, palavra que não conhecia e que me encantou. Ontem, a propósito do Dia Mundial das Pessoas com Doença de Alzheimer falei nesta coluna do Público.
Mais serendipity do que isto... :-)
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