Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Vida de mãe - episódio 36

Acho que a ideia de escrevermos cartas aos nossos filhos pequenos tem a sua graça e utilidade. É uma forma de os ajudarmos a conhecerem-se melhor: quando forem mais crescidos, poderão obter informações concretas sobre a sua infância, sem a distorção e o esquecimento que o passar do tempo fabrica.

Saberão, por exemplo, que tipo de bebé é que foram, quando é que largaram as fraldas e a chucha ou começaram a andar, como é que foi a adaptação à escola, onde é que passaram férias, quem eram os seus amigos, os seus brinquedos favoritos, de que modo é que venceram desafios ou ultrapassaram acontecimentos tristes ou desagradáveis, etc.

Lembrei-me de escrever pela primeira vez ao meu filho quando ele fez dois anos (agora, tem quatro). Há dias, no meio de uma série de papelada, encontrei a carta, reli-a e fiquei tão emocionada ao reviver aquelas lembranças que decidi imediatamente voltar a fazer o mesmo com a ansiedade de quem, ainda por cima, sabe não ter uma memória na qual possa confiar.