"As notícias da minha morte foram largamente exageradas"
Um tipo está no restaurante chinês, onde assiste calmamente ao pessoal todo a cantar Neil Diamond no Karaoke, e resolve dizer que o George Michael é «foleiro».
The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]
Um tipo está no restaurante chinês, onde assiste calmamente ao pessoal todo a cantar Neil Diamond no Karaoke, e resolve dizer que o George Michael é «foleiro».
Também eu. No meu caso, o exercício pseudo-profissional das funções de co-piloto é apenas uma das manifestações, da qual a meg tem sido uma vítima recente. Pedir indicações? Nunca, jamais, em nenhuma circunstância.
O meu problema é acreditar que tudo o que seja eu a fazer fica melhor e a forma como eu o faço é a melhor. Porque ninguém se dá ao trabalho, fazem tudo com os pés. E é tramado quando estamos sujeitos a que nos comparem ao pai do Calvin.
É uma das sete histórias deste livro e chama-se "La sorcière du placard aux balais".
A imaginação delirante do Pierre Gripari cozinhou uma trama genial com uma ladainha proibida, um notário malvado, o Senhor Pedro, uma bruxa, três pedidos impossiveis, dois peixes mágicos e um rato tradutor.
Aguardo ansiosamente que alguém se lembre de publicar este livro em português para o poder oferecer ao meu filho, aos piris e à nossa M.
Incomoda-me a quantidade de papel impresso que vai para o lixo sem que ninguém lhe ponha sequer a vista em cima. As contas e extractos mensais, as revistas do Corte Inglês, as cartas da Ordem, o Expresso.
Para o rapaz ali ao fundo, atrás da coluna. Como ele tem um problema de audição – é surdo, tecnicamente falando – fica a legendagem parcial e tendenciosa.
ta rara, ta rara, ta rararara, ta rara, ta ra ta ta; ta rara, ta rara, ta rararara, ta rara, ta ra ta ta, ta rara, I was mixed up when you came to me, too broke to fix… …my heart was broken, I was not open to your suggestions… …you just kissed away… …the day you walked in and changed my life… …I think it's amazing… …ta rara, ta rara, ta rararara, I think it's amazing, ta rara, ta rara, ta rararara, I think you're amazing, ta rara, ta rara, ta rararara... ...you tried to save me from myself, you said “Darling, kiss as many as you want, my love’s still available and I know you're insatiable” … …we're like victims of the same disease… …I think it's amazing, ta rara, ta rara, ta rararara... ... I think you're amazing, ta rara, ta rara, ta rararara, ta rara, ta ra ta ta...
Ontem detectei dois cabelos brancos. Não os arranquei para não precipitar a menopausa. Toda a gente sabe isso.
Fez as reservas e, de imediato, ocorreu um sismo na Indonésia de 8,7 na escala de Richter [ler aqui]. O problema já foi identificado, embora ainda não tenha sido encontrada forma de o debelar. Ah, e esta aposta era uma brincadeirinha, ok?
Telefonamos a fregueses especiais para que não percam a selecção musical do dia.
Júlio Machado Vaz tem um blog. JMV teve, há muitos anos, um programa de rádio chamado «Sexo dos Anjos». O programa passava na TSF aos domingos à noite. Eu tinha 17 anos e ouvia. JMV e o programa «Sexo dos Anjos» intervieram directamente na minha vida; determinaram e precipitaram o curso dos acontecimentos da melhor forma possível.
O livro com o mesmo nome, que se seguiu ao programa, foi outro marco importante. Com base nele trocámos muitas notas; muitos bilhetinhos com comentários pessoais e a devida referência à frase que os suscitava, indicando a página. Não fizemos apontamentos no próprio livro antevendo que seria lido por terceiros.
Nessa altura e durante vários meses, acarinhei o “projecto” de escrever a JMV – à mão, uma carta a sério, como ainda se usava – contando-lhe, com todo o detalhe, este “feliz acaso” da sua interferência radiofónica. À noite, antes de adormecer, compunha mentalmente os longos parágrafos da carta interminável (até porque todos os dias me lembrava de, ou acontecia, mais alguma coisa para contar).
Nunca cheguei a escrevê-la. Segue agora sob a forma de post e com o tamanho do que seria um mero post scriptum na sua versão original.
Eu também não sei. É como diz João Miguel Tavares: "Quem tem razão? Muito sinceramente, não sei. Não sei. Parece-me tão indigno prolongar indefinidamente a vida de uma mulher que nunca recuperará a consciência como deixá-la morrer de fome e de sede".
A experiência do cinema foi um êxito surpreendente. O meu filho estava excitadíssimo, de olhos esbugalhados e boca aberta a olhar para o ecrã.
Não teve medo da escuridão, adorou a história e nem sequer pediu pipocas apesar de ter visto quase todos os miúdos agarrados aos baldes de milho com açucar.
E quando acabou, levantou-se da cadeira mas não saiu da sala porque quis ficar a dançar a música do genérico.
[Aproveito para informar que a quinta pedagógica só abre às 11h00.]
Numa máquina muito esquisita, aparentando ter sido viciada (assunto debatido com seriedade entre os circunstantes), e que não deu nada aos cerca de dez candidatos que me antecederam, cada um munido de várias fichas, ganhei TRÊS bilhetes para o concerto do Jamie Cullum, no próximo dia 23 de Abril. Não foi a mim que a sorte sorriu desta forma tão expressiva. Foi a pensar noutra pessoa. De qualquer forma, soube-me bem que tenha brilhado por meu intermédio.
"I hate to tell you, but that whole "I don't want to ruin the friendship" excuse is a racket. It works so well because it seems so wise. Sex could mess up a friendship. Unfortunately, in the entire history of mankind, that excuse has never ever been used by someone who actually means it. If we're really excited about someone, we can't stop ourselves - we want more. If we're friends with someone and attracted to them, we're going to want to take it further. And please, don't tell me he's just "scared". The only thing he's scared of - and I say this with a lot of love - is how not attracted to you he is."
[excerto do livro "He's Just Not That Into You: The No-excuses Truth To Understand Guys" de Greg Behrendt.]
He's Just Not That Into You — based on a popular episode of Sex and the City — educates otherwise smart women on how to tell when a guy just doesn't like them enough, so they can stop wasting time making excuses for a dead-end relationship.
Oh sure, they say they're busy. They say that they didn't have even a moment in their insanely busy day to pick up the phone. It was just that crazy. All lies. With the advent of cell phones and speed dialing, it is almost impossible not to call you. Sometimes I call people from my pants pocket when I don't even mean to. If I were into you, you would be the bright spot in my horribly busy day. Which would be a day that I would never be too busy to call you.
For ages, women have come together over coffee, cocktails or late-night phone chats to analyze the puzzling behavior of men.
He's Just Not That Into You is provocative, hilarious and, above all, intoxicatingly liberating. It deserves a place on every woman's night table. It knows you're a beautiful, smart, funny woman who deserves better. The next time you feel the need to start "figuring him out," consider the glorious thought that maybe he's just not that into you. And then set yourself loose to go find the one who is.
[daqui por ter seguido a preciosa pista da mãe da meg]
Estava para aqui a enfardar as amêndoas da Karma e a ouvir música nos blogs – aos bochechos por culpa da telepac – quando me deparei com o True Lies; o novo blog de quem, depois de muito esforço, vários exemplos e alguns desenhos, me conseguiu explicar o que quer dizer “com a verdade me enganas”.
A amiga aconselha-a a não pensar nas piores coisas. Os telemóveis descarregam-se. Esquecem-se nos bolsos. Desligam-se nos cinemas.*
Eu aproveitei casos recentes para lhe lembrar que há até quem deixe cair o telemóvel na sanita ou na banheira. Mas I have to say that’s all code for “he’s not that into you”.
[*Inês Pedrosa, Expresso, 25 de Março, onde transcreve este post. Os sms são os sms e não as sms, está bem?]
Programa infantil para um feriado em Lisboa:
09:00 Desenhos animados na caminha da mãe
10:00 Pequeno almoço
10:30 Quinta pedagógica dos Olivais
13:00 Almoço
14:00 Sesta
16:00 Cinema: Heffalump - O Novo filme do Winnie the Pooh.
17:30 Lanche + Ovo Kinder
19:00 Banho com piscina de brinquedos
20:00 Jantar
21:00 História
21:10 Cama
Este ano tem 321 dias se descontarmos o intervalo do panamá. Três, dois, um. Três no cabeçalho, dois de quórum contemporâneo máximo e raro, um Fora do Mundo. Parabéns.
Para O País Relativo, o fim tal como interpretado pelos Doors. Prometemos retomar a emissão normal antes que a depressão se instale.
Foi um sucesso retumbante. A Sam foi eleita a convidada mais elegante da noite e a Inês a mais atrasada mas também a mais oportuna (trouxe o pacote de leite que fez toda a diferença). O evento durou até perto das quatro da manhã.
Tive aulas de dança no liceu e interpretei umas coreografias em festas escolares. Hoje em dia a dança não é coisa que me entusiasme por aí além. Excepto quando vejo este teledisco*. Esta coreografia, e a forma como é dançada, é das melhores manifestações de liberdade de movimentos e de aprazível expressão corporal. Gostava de a aprender.
*vocábulo em voga nos anos oitenta do século passado que designava viedoclip.
Não adie mais a marcação da consulta que irá mudar a sua vida e obtenha o aconselhamento filosófico que lhe tem faltado. Na Av. da Liberdade, nº 202, em Lisboa.
- E o que tem a dizer sobre a situação?
- Portanto, eu acho que ele devia sair de lá, não é? Era o melhor para ele. Quer dizer, aquilo qualquer um vê que é uma pessoa com grande potencial que está ali a marcar passo. Era arranjarem-lhe, prontos, uma casinha só para ele desenvolver aquelas ideias e não estar sempre a ser esquecido só porque os outros escrevem demais. Porque quantidade não é qualidade - quantidade não é qualidade, tá a perceber? - e eu acho mal, não é, que as pessoas não prestem atenção às coisas e não vejam o que é que se está ali a passar, não é? Por exemplo, aquele rapaz, o outro, sempre tão ufano. Esse nunca mais apareceu. É que nunca mais apareceu, homem! Portanto, é como eu estou a dizer. O outro sabe que não tem estatura para aquilo. Quer dizer, não está à altura. Sabe e claro que não quer entrar agora em comparações, não é? O que é que pode fazer? Nada! Rigorosamente nada. Como é que o outro espertinho ia agora arrebentar com os textos dele? Impossível. É que os textos dele vê-se bem que são produtos literários que não se lhes pode apontar isto. Ele vai longe mas é uma pena não ter já ido.
Escrevem hoje os dois no DN sobre o mesmo tema. No entanto, abordam-no de maneira bem diferente. A visão do primeiro irritou-me exactamente pelos argumentos apontados pelo segundo.
[Parece falta de isenção mas não é. Só não fiz o link para o texto do Luciano Amaral "O espectador comprometido" porque aparentemente não está disponível na edição on line do DN.]
Após exaustiva investigação, descobrimos que o pc da mana tem som, bastando-lhe regular o respectivo volume para ouvir a música [bravo, clap clap clap]. Para a minha irmã e porque pediu, apesar de não ter preenchido o requerimento modelo 3A que temos à disposição: a Carly Simon com esse tema lendário «ó meu ganda peneirento».
Estratégia nº 1 – Parada de galanteios. O elogio gratuito, exagerado e despropositado que ao fim de duas frases deixa de ser credível. Como, apesar dos pesares, não acredito que esteja a gozar com a minha cara, fica só o meu embaraço perante quem trás as suas intenções escritas na testa mas está convencido que não se nota.
Estratégia nº 2 – Vitimização. Descrição detalhada do cenário negro e desértico em que se tem traduzido a sua vida afectiva. A falta de tempo, as preocupações, a crueldade, vacuidade ou frieza femininas. Estou convencida que este teatro se destina essencialmente a friccionar o instinto maternal.
Estratégia nº 3 – Sinceridade. Desconstrução das estratégias nº 1 e nº 2. Sei que não irias em cantigas; és inteligente (pisca o olho à estratégia nº 1) e não faz o meu género apelar à compaixão (chamada de rodapé à estratégia nº 2), mas a verdade é que estou muito interessado em “conhecer-te melhor”.
A minha sugestão é só esta: cinjam-se a uma única estratégia por batalha. Nada é mais contraproducente do que a experimentação dos diferentes argumentos, com a mesma pessoa ao longo da mesma noite, num modelo de “tentativa e erro”.
Para dizer que nos descobriu em quatro horas. Perdemos intimidade mas ganhámos uma leitora.
Então, não tens escrito no blog. [último post a 4 de Março] E viste que criei outro? [já tem três] E aquilo sobre a mini-maratona, leste? Pus umas fotos, não viste?
Bom, quando é que passas por cá? [ah!]
Enganaste-te. Confundiste mero autoritarismo com confiança; tomaste simples intolerância e irascibilidade congénitas por firmeza e perseverança. Agora é constrangedor teres de reconhecer a cobardia e a inconsistência. Quem é que te manda entrar em idealizações?
Começamos hoje a aceitar pôr aqui a tocar músicas da preferência dos nossos ouvintes. Isto seguindo um rigoroso critério discricionário e aleatório. A Ritinha - minha room mate vai para três anos que diz não ter blog (pois) – escolheu The Smiths, «Death of a Disco Dancer». Dependendo da disposição em que nos encontramos, este até consegue ser um espaço aberto a outros gostos. [também é só uma questão de não carregar no play.]
Foi o que a Ana Sá Lopes e o Mário Mesquita fizeram no Público de Domingo e o resultado não é nada mau, não senhora.
A entrevista à Leonor Beleza na Pública de 06.02.05 é interessantíssima e esclarecedora. Não consigo perceber como é que há gente que acha que o tema da discriminação das mulheres na sociedade portuguesa já se encontra resolvido.
[Tenho pena mas não consegui arranjar o texto no site do Público e dada a sua extensão não dá para o reproduzir aqui].
Se achas que o post é sobre ti, estás enganado. Sempre que isso te ocorrer, lembra-te: estás enganado. Pensas conhecer os factos que sustentam as minhas palavras, mas estás enganado. Identificas-te com o relato meio cifrado, só que a resposta está na outra metade e - mais uma vez - estás enganado. Não é sobre ti, não é para ti, não tem nada a ver contigo. Nem mesmo este post te diz respeito. E não me venhas perguntar a quem é “dirigido”.
Conhecemo-nos há oito anos e numa coisa ele levou a melhor: “somos amigos”. Não há nada mais difícil do que “acabar com um amigo” – o Seinfeld dedicou um episódio inteiro a este tema. Já tentei. Já cheguei até a pensar que tinha conseguido. Mas não. Ele tem um talento especial para contornar qualquer tipo de confronto, por mais directo e inequívoco que seja, e consegue perpetuar a ligação. Chego à mesma conclusão do Seinfeld, o melhor é conformar-me.
His name is Joel Horneck. He lived like three houses down from me when I grew up. He had a Ping Pong table. We were friends. Should I suffer the rest of my life because I like to play Ping Pong? I was ten. I would've been friends with Stalin if he had a Ping Pong table.. he's so self-involved.
(...)
I have to wait for someone to die. I think that's the only way out of this relationship. It could be a long time.
[daqui]
A rapariga tem um coração enorme, maior do que ela, e transporta-o exposto pelas ruas da cidade, sorrindo. É um handicap. Vai gerando desconforto e atrapalhação para a própria, e suscitando a desconfiança e a rejeição dos outros. Confrontado com estas reacções, o coração vai diminuindo até ficar do tamanho de uma tolerável caixa de bombons. Ela está triste, encostada a uma parede e já não assusta ninguém com o coração encolhido nas mãos.
Nisto, o rapaz convida-a para um café, fala com ela e leva-a a casa. Ela fica nas escadas do prédio com um ar sonhador, enquanto o dia nasce. O rapaz, depois de virar a esquina, volta para trás. Presume-se que arranjou coragem para mais qualquer coisa que não tinha dito ou feito. Ele espreita pela esquina da rua e vê-a nas escadas do prédio... com o coração novamente enorme. Não, não, assim não, encolhe lá isso! Mas já não há nada a fazer. O rapaz vai-se embora assustado.
Tenho a impressão de ter saído na primavera antes de chegar à estação. Devo andar com pressa (ou compressa).
O stress que sentia quando procurava desesperadamente um lugar para estacionar o carro.
A palavra é detestável mas apresenta uma vantagem incontornável: é que não deixa margem para dúvidas.
Uma massagem de aromaterapia no spa do Hotel Ritz em Lisboa.
O chá do momento: «Jasmine Delight». Aprovado pelas maiores especialistas.
Aliás, esta loja – Rituals – só tem coisas fantásticas.
A minha irmã, a meg e o maradona (tudo apagado outra vez, tss tss) não conseguem ouvir as músicas que eu ponho aqui a tocar. Hoje, especialmente para eles e em sinal de protesto, não digo qual foi a escolhida.
Teria valido a pena se só tivesse servido para conhecer a origem de várias canções que ouço desde sempre. Gostei. Mesmo.
Ainda por cima, a Sam conseguiu escolher os melhores lugares da sala.
Mas não consegui arranjar a tempo um saco-cama para ir comprar um bilhete para o concerto dos U2.
Ah pois é, local adequado, próprio e conveniente para enigmas Octavianos. Eu adoro enigmas Octavianos. Eu desvendo enigmas Octavianos. Não sei é por alma de que Octário (ou será Octávio?) se lhes chamam enigmas Octavianos.
Gerou-se uma febre bowieana. Fica, então, um tema dedicado ao «Homem-Estrela» da foto abaixo. He’d like to come and meet us but he thinks he’d blow our minds – e tem ele muita razão.
Conheci este utensílio culinário quando a Huma o adquiriu há mais de um ano. Na altura, pensei que só ela é que se lembraria de gastar uma pequena fortuna com um gadget para a cozinha.
Mas enganei-me. Um tempo depois, foi a vez da mulher do meu pai e agora até tu, que és homem, já falas em comprar uma!
E todos vocês se referem à dita como se estivessem a falar de uma cozinheira de carne e osso. "E o leite-creme da Bimby, já prováste? É delicioso. E os sumos de fruta? Extraordinários. E a lasanha? Formidável".
[Eu já estou é cheia de fome. Devia ter escrito este post depois do lanche.]