Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Lemon grass*

O casaco que o meu pai me ofereceu no ano passado, de presente de aniversário, suscitou algumas angústias até me ser entregue. Apesar da minha habitual exuberância cromática, temia-se que, com aquela cor, se tivesse ido longe de mais. E que cor era aquela? "Amarelo" diziam uns, incluindo o pai; "verde" diziam outros; "mostarda" diz quem não sabe como se chama a cor da mostarda (eu).

O presente foi um sucesso e lá andei durante uns meses a pavonear a minha originalidade, sempre provocando conversas sobre "a cor". Entretanto, deu-se um evento internacional com alguma visibilidade e o meu casaco deixou de ter importância nesta discussão.

* - not green, not yellow, not greeny-yellow, but Lemongrass.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...

No início de O caminho Menos Percorrido, fiz esta declaração aparentemente ultrajante: "Com total disciplina, podemos resolver todos os problemas". Parecia ultrajante apenas porque não acrescentei que, para resolvermos certos problemas, temos de aceitar o facto de que não existe solução.

A Negação da Alma. Perspectivas Médicas e Espirituais sobre a Eutanásia e a Mortalidade de M. Scott Peck

Hoje, foi assim. Amanhã, logo se vê.

Larguei o trabalho às 18h00.

O metro parou em Picoas o tempo suficiente para eu decidir ir ao cinema.

Saí no Saldanha e comprei um bilhete para o "The Wrestler". O filme é fabulosamente deprimente.

Caiu a noite. Chamo um táxi. Quero ir para casa. Não me apetece jantar, só um chá. Instalada na sala, ouço James Taylor.

Sinto-me bem.

O problema

O problema, respondendo ao post que não faz nenhuma pergunta, não são os pais e as mães de Braga, Deus os guarde (e conserve em frasquinhos, já agora). O problema é a facilidade com que se manipulam agentes policiais para actuarem de acordo com a indignação de cada um. E a falta de fundamento para a apreensão é a mesma quer a capa do livro seja um quadro de Courbet ou uma foto do Quim Zé.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sugestão

Esta exposição vale muito a pena.

Incontinência afectiva

Aparecimento súbito de reacções afectivas incontroláveis e desproporcionadas em relação à intensidade do estímulo.

O Vale da Paixão

“Inquietava-os que a sobrinha não precisasse de luz para subir ao quarto, que subisse as escadas e se deitasse sem acender um fósforo. A própria Maria Ema se inquietava. João Dias e Inácio Dias, que ainda não tinham saído para a América, também regressavam à mesa para comentarem tê-la encontrado no corredor, às escuras, esgueirando-se entre as pernas das floreiras, sem medo, como se fosse uma pessoa velha, e ela ainda nem era pessoa. Também Maria Ema receava que a sobrinha de Walter não tivesse medo, e por isso, acendia-lhe a luz. Obrigava-a a ficar de luz acesa, a ver extinguir-se o petróleo junto da sua cabeça, para poder descer e dizer ao marido, ao sogro, aos cunhados e às cunhadas que tudo estava normal. Ela mesma acendia a luz para que a criança não tivesse medo do medo que não tinha, e Custódio Dias perguntava, preparando o fogo – “ A nossa filha não ficou com medo?” Maria Ema curvava-se sobre a mesa, mergulhava a cara nos objectos que cosia. Sempre cosia – “Cada um tem o medo que pode ter. Não é?”

Lídia Jorge

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Vale da Paixão

“Só dispúnhamos de uma única, aquela noite de chuva, e termos a certeza de que estávamos a correr dentro dela, sem a podermos repetir, impedia-nos de a viver. Mas esta noite está rente a essa noite, e ambas são contíguas como se fossem só uma, fechadas entre o sol-posto e o amanhecer. A quem interessa o longo dia que ficou de permeio?”

Lídia Jorge

Hi !

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Retrospectiva


Tipo Rembrandt

Tivemos uma conversa sobre gostar ou não do Carnaval e surpreenderam-me as reacções de quem na infância detestava o festejo e agora lhe era indiferente ou até achava piada. Enquanto crianças, uma não gostava do Carnaval porque vivia com medo das partidas de mau gosto, outra porque a incomodava ser aperaltada e exibida pelos pais.

Só gostei do Carnaval na infância, mais concretamente na escola primária. A mãe alugava os fatos num andar em Campo de Ourique, escolhendo personagens com o maior número de referências históricas e culturais possível. Depois e ao longo de três dias, submetia-nos a sessões fotográficas na sala, na marquise, na varanda, no jardim, chegando a compor um teatrinho para a fotografia (na imagem acima, fui instruída para cobiçar as jóias do vestido da minha irmã). Eu achava tudo isto bastante divertido mas, se bem me lembro, aquela rainha que ali está também não gostava nada do Carnaval.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Somos dois namorados

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Songs of love and hate

Yes, and thanks, for the trouble you took from her eyes
I thought it was there for good so I never tried
[de «Famous Blue Raincoat», Leonard Cohen]

Um homem agradece ao seu grande amigo o peso que este tirou do olhar da mulher que passou pela vida de ambos? Nunca. Mas, para efeitos académicos, coloquemos outras questões. Será que aquele que lhe desanuviou a aparência alguma vez reparou nisso, na angústia que antes existiria? E quanto ao personagem fatalista, será que a opressão não estava mais nos olhos dele do que no olhar dela?

Houve um “ele” que uma vez, para me explicar que eu podia ir descansada à minha vida, me disse “eu sou muita bom mas não sou preciso para nada”. Na realidade, passava-se o inverso. Ele era muito mau mas eu precisava dele para tratar de algumas coisas. Afortunadamente, cumpriu a sua finalidade. Não haverá, no entanto, o que lhe agradecer. E, ainda assim, presto-lhe grandes honrarias ao misturá-lo com uma das melhores músicas de Leonard Cohen.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Milk, presumo

É mais difícil tornar efectiva a igualdade de direitos quando a discriminação é silenciosa. As Anitas Bryant têm a sua utilidade.

O jogo do bicho


You're a Starfish!

To others, your presence seems to denote greatness, or at the very least something celestial. You're enthralled by the heavens above and seem to always be looking to them for guidance. Once you decide to stick to something, it's very difficult to get you away from it. You really don't seem to mind other people, even strangers, touching you. We can't all be you; someone has to applaud.

Take the Animal Quiz.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Telefone estragado (2)

Tentando dar atenção ao penne com salmão e à entrevista de Maria José Morgado a Mário Crespo:

- Como é que se chama este queijo?
- Casa Pia.
- O quei-jo! Como é que se chama o queijo?
- Mascarpone. Oitocentas testemunhas...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O teste do livro


You're Adventures of Huckleberry Finn!
by Mark Twain

With an affinity for floating down the river, you see things in black and white. The world is strange and new to you and the more you learn about it, the less it makes sense. You probably speak with an accent and others have a hard time understanding you and an even harder time taking you seriously. Nevertheless, your adventurous spirit is admirable. You really like straw hats.

Take the Book Quiz at the Blue Pyramid e encontrado aqui.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O pior mês do ano

O pior mês do ano, ao contrário do que diz o Garfield, é Janeiro. E qualquer pessoa que não seja aquele género de achar que "todos os meses do ano são bons", terá de concordar. Janeiro é que é a segunda-feira do ano. Felizmente, já estamos em Fevereiro: o segundo pior mês do ano.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Retrospectiva

No início de Novembro de 1987, estava a minha mãe em Paris e estava o meu pai na África do Sul, quando entendi encetar um namoro com um rapaz pouco recomendável 10 anos mais velho do qual levei mais de três anos a livrar-me, com muita dificuladade e grande risco para a integridade física. Portanto, os culpados disto tudo, além do caramelo que actualmente será um velho careca (toma), são os meus pais. Está resolvido.