"Favoreceu amigos e familiares, vingou-se de inimigos, utilizou o poder para questões pessoais. É longa a lista do "The New York Times" que caracteriza, com base em depoimentos e documentos oficiais, a forma como a candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos, Sarah Palin, exerce as suas funções.
O primeiro exemplo avançado pelo diário refere-se à colocação de uma antiga colega de turma na direcção dos serviços de Agricultura do estado do Alasca (que movimenta anualmente dois milhões de dólares), cuja única qualificação era uma "paixão de infância por vacas". Antes, esta amiga trabalhava numa agência imobiliária; no novo cargo passou a receber 95 mil dólares anuais.
Há pelos menos outros cinco casos semelhantes, de amigos de infância que beneficiaram dos favores da governadora do Alasca, todos obtendo postos cujos salários ultrapassavam os que tinham anteriormente. "Ao longo da sua carreira política, a senhora Palin procurou vingar-se dos seus opositores, afastando funcionários públicos que não estavam de acordo consigo, misturando por vezes os seus problemas privados com as suas funções oficiais", continua.
O jornal acrescenta que a primeira vez que a governadora teve de fazer cortes no seu orçamento, evitou uma "legião de deputados e 'mayors' frustrados" e pediu antes conselhos ao seu director de orçamento e ao marido, Todd, funcionário do sector petrolífero; vetou projectos legislativos no valor de vários milhões de dólares.
Outro caso: há quatro meses, a blogger Sherry Whitstine, que escreve sobre a carreira de Palin, recebeu um telefonema de uma assistente da governadora que lhe disse: "Devia ter vergonha. Pare de 'blogar'. Pare imediatamente."
O seu passado político foi também alvo do Washington Post. Na sua primeira reunião após o 11 de Setembro como presidente de Câmara de Wasilla, foi aprovado um fundo de cinco mil dólares de ajuda às vítimas; Palin afirmou que iria tentar obter materiais dos dois locais dos atentados (World Trade Centre, em Nova Iorque, e o Pentágono) para incluir no "Jardim de Honra" da cidade. Depois, passou para os pontos seguintes: aprovação de fundos para melhorias num poço, autorização para um restaurante e uma medida para proibir os locais de alugarem quartos. Mas para o diário, a governação de Palin em Wasilla "é também definida pelo que [a cidade] não inclui, mesmo para os padrões de uma cidade pequena".
Em duas semanas, Palin saiu do anonimato e tornou-se uma política muito popular. A candidata teve ontem o seu primeiro comício a solo, enfrentando uma grande multidão no Nevada. Prometeu que, se for eleita com John McCain a 4 de Novembro, irá abanar Washington."
Artigo de Francisca Gorjão Henriques publicado no Público de 15.09.08