Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A subtileza

Pode muito bem ser um afluente do cinismo mas não prescindo. A subtileza é fundamental para limar, para esculpir!, as arestas. Uma pessoa asséptica sem subtileza é ainda mais chata e uma pessoa desbocada pouco subtil torna-se uma companhia agressiva.

Além de ser um bem essencial para a vida em sociedade, como a diplomacia nas relações entre Estados, tem também características voluptuárias; a subtileza torna a vida mais interessante. Neste aspecto incluo até as confusões geradas por excesso de subtileza: sou fã e costumo ser eu ficar perdida na tradução. Por exemplo, pessoas que tentam dar a entender que precisam de alguma coisa da minha parte mas não chegam a formular nenhum pedido, não têm sorte nenhuma.

Existem também os casos de quem fala outra subtileza. Usam de outro código para os diversos tons, posturas e palavras. Tenho algum fascínio pela observação dessas espécies embora sempre consciente de estar do outro lado do vidro. Acho que é aqui que reside a verdadeira base da afinidade. O interlocutor até pode gostar muito de comics, conhecer de cor os episódios todos do Seinfeld e dispor da chave para interpretação da vida em geral e dos poemas de Leonard Cohen em particular, mas se não usarmos da mesma subtileza nunca nos entenderemos. Enquanto que, por outro lado, se nos cruzarmos no mesmo comprimento de onda, que já foi mais estreito, basta saber que eu tenho lá em casa um conjunto de livros, dvds e cds prontos para colmatar qualquer falha (e sobretudo vice-versa).