No sábado à noite, fui ver e ouvir o Sérgio Godinho ao Teatro Maria Matos, com a minha mãe. É a terceira vez que assistimos juntas a um concerto dele. A primeira delas foi, seguramente há mais de quinze anos, em Paris.
O espectáculo foi muito bom. Ele não só cantou alguns temas de sempre, como também apresentou o seu novo disco Ligação Directa, acompanhado de uns músicos excelentes que conseguiram reinventar a sua sonoridade e estilo com sucesso.
Este cantor não sabe mas é meu parente. Visito-o pouco mas sempre que tenho essa oportunidade, o nosso encontro provoca-me uma sensação de identidade, de conforto e de ternura, até.
Já agora, deixo aqui a letra fabulosa de uma canção antiga que me agradou imenso voltar a ouvir:
Não sei de imagem
que o tempo não destrua
não sei de ti
se atravessas a rua
vem ter comigo
sempre que for preciso
fala com a voz
fala com o choro
fala com o riso
diz o que é preciso
Viva quem vive
com a cabeça aperrada
e dispara bala
contra o medo apontado
viva quem luta
com a cabeça ao contrário
p´ra ver também
um pouco do lado do adversário
do lado contrário
E viva o dia
em que já não precisas
de reis nem gurus
nem frases-chave nem divisas
o dia
em que já não precisas
de reis nem papás
nem profetas nem profetisas
Ei,ei que é do rei
o rei foi-se, o rei vai nu
ei, ei, viva eu, viva tu
Não sei de imagem
que o amor não persiga
não sei de ti
se não fores minha amiga
faz o que queres
que se queres é preciso
faz o melhor
fá-lo com loucura
e com juízo
faz o que é preciso
Viva quem muda
sem ter medo do escuro
o desconhecido
é o irmão do futuro
viva quem ama
com o coração aos saltos
e mesmo assim vence
os seus altos e baixos
e os altos dos seus sobressaltos
E viva o dia
em que já não precisas
de reis nem gurus
nem frases-chave nem divisas
o dia
em que já não precisas
de reis nem papás
nem profetas nem profetisas
Ei, ei que é do rei
o rei foi-se, o rei vai nu
ei, ei, viva eu, viva tu