Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009 num instante

1 – Uma lua-de-mel. Um CD de Led Zeppelin feito em casa para ouvir no carro. Uma inusitada simpatia pelo Sporting que ainda me vai causar problemas familiares. Formamos um belo casal, somos dois namorados.
2 – Por falar nisso, dois casamentos. Um recebido por mérito e com distinção depois de mais de 20 anos de união e de dois filhos. Outro que permitiu recordar histórias antigas dos primos, resultando na composição que veio a ser difundida pela rádio com o título "O Pai Vai Saber Disto" (ouvir aqui).
3 – Três novidades na confecção culinária: pataniscas de salmão fumado*, salmão no forno com espinafres e tarte de abóbora aka pumpkin pie.
Ah, já me esquecia, fui três vezes à Delfim Santos.
4 – Quatro concertos: JP Simões, Patxi Andion e Tigrala duas vezes.
5 – Youtube, Wikipedia, Twitter, Facebook, Blogspot.
6 – Seis novas prateleiras na sala, o segundo roupeiro feito à medida, e tudo começou devido a uma inundação no andar de cima.
7 – Diversas viagens, passeios e estadas, desde Nova Iorque a Alcochete.
– A desmemoriação e a desorganização mental e verbal. Parece que é no bom sentido mas não beneficia nada o andamento deste blogue.
9 - Nove deslocações profissionais a Vila Nova de Gaia. Irra.
10 – Tudo isto bastante fotografado, claro. Agora com duas máquinas.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Já cá canta

O difícil é implodir

Ontem, em conversa com um homem (ia escrever pessoa...) e com a ajuda dele, sistematizei as seguintes premissas. Uma acção pode ser:

a) Boa e libertadora. É o que se pretende.

b) Má mas libertadora. Do mal o menos.

c) Boa sem ser libertadora. Desgraça!

Assim, fica mais evidente o facto da modulação das observações sobre as alíneas b) e c) constituir uma das minhas áreas de melhoria...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

História de Natal (agora em Dezembro)

Recordando um episódio do Natal de há dois anos, registo que este ano fiz pandant com o meu tio Zé: eu dei-lhe o DVD do concerto de Leonard Cohen de 1970 e ele deu-me o DVD do concerto de Leonard Cohen de 2008. Em complemento, ambos presenteámos o meu primo André com elementos diversos da discografia e biografia dos Pink Floyd.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Escutas

Para o caso de vir a ocorrer a divulgação de escutas, gostaria de solicitar que me fosse fornecida uma cópia em formato áudio em vez da transcrição. É que cabe-me regularmente a tarefa de analisar em detalhe as transcrições de depoimentos orais e, apesar de constituírem uma prosa interessantíssima, encontram-se sempre aprimoradas com diversos elementos de ficção.

Por exemplo, segundo uma transcrição recente, a testemunha teria declarado que tinha uma recordação muito vívida quanto às circunstâncias de tempo e lugar em que recebeu certo telefonema porque, nessa data, se encontrava em casa "a descansar de uma ameaça intensa.".

Na verdade, como assisti pessoalmente ao depoimento transcrito, posso esclarecer que a dita testemunha se encontrava em casa "a descansar de uma amniocentese.". Felizmente, o procedimento criminal pelo crime de ameaça depende de queixa pelo que não foi extraída qualquer certidão oficiosa destas transcrições.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Borda fora

Costumo andar de trincha na mão a pintar o mundo de cor-de-rosa. A olhar para o lado bonito da vida, para a metade cheia do copo, para o que as pessoas têm de melhor para dar.

De uma forma inconscientemente obstinada.

De tal modo que, a partir do momento em que me envolvo afectivamente com alguém, se torna muito difícil desfazer o nó, mesmo que a pessoa em causa me esteja a causar sofrimento, intencionalmente ou não.

Em vez de identificar rapidamente o perigo e reagir - agredindo ou afastando-me - opto por procurar e encontrar nessa pessoa um bocadinho qualquer menos mau que depois serve de justificação para (quase) tudo.

Esta é, se calhar, a razão pela qual andei a guardar durante demasiado tempo uma série de esqueletos no armário.

Claro que a maior parte das ossadas até não é intrinsecamente má mas fez-me mal, o que - sejamos pragmáticos - vai dar ao mesmo.

Só há pouco tempo é que me apercebi dos efeitos perversos desta maneira de fazer as coisas quando, não aguentando mais o peso da mobília, se tornou imperioso aliviar a carga.

Obriguei-me a olhar para essas pessoas que eu mantinha fechadas dentro de mim com outros olhos e logo topei uma série de coisas desagradáveis.

Durante uns quantos meses, vi o meu mundo com outras cores. E quando, farta de o ver assim, queria parar para descansar, logo, logo - coincidentemente ou não - uma pessoa imprestável (com quem tive de conviver por dever de ofício) me fazia lembrar a urgência da tarefa que tinha entre as mãos.

Hoje sinto-me a andar para a frente. Num sentido qualquer. Adiante.

Vida de mãe - episódio 54

A maior parte das vezes acho que o meu filho anda a crescer à velocidade da luz e que vou perdê-lo de vista se não correr muito atrás dele.

Contudo, existem momentos em que o seu lado frágil e dependente se expõe e o tempo pára.

Nessa altura, quando consigo dar o melhor de mim, sinto-me bafejada com a consciência da eternidade que nos une.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A gripe (2)

Estou convencida que já despachei A gripe. Foi há semana e meia, no último Domingo de Novembro, porque fiquei a ver o Doutor Jivago até às cinco da manhã. Passa-se muito frio naquele filme. Na Segunda-feira ainda tinha o nariz entupido e até houve quem me perguntasse, ao telefone, se estava constipada.