Serendipity
The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Forever young
Há sempre um facto que me contraria quando finalmente me convenço da velhice dos 78 anos da minha avó.
Ontem à noite, fomos ao Ikea comprar a secretária que ela prometeu oferecer ao bisneto. Estivemos naquela loja cerca de três horas! Trouxemos não sei quantas coisas e nem sequer levámos o que tínhamos ido buscar porque me esqueci de tirar medidas.
Batiam as onze da noite quando chegámos a casa. O meu corpo achava-se de rastos, a desejar ardentemente esticar-se na cama. Mas a senhora, dona de uma leve surdez e de uma pesada teimosia, estava com uma certa fome e comentava, ligeira: “Que bela terapia! Sentia-me um bocadinho trôpega mas agora já não me doem as pernas.”
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Até dá mais vontade de ler
Segui o conselho do meu cunhado e experimentei comprar um livro em segunda mão, na internet.
Acabo de receber, muito mais cedo que o previsto, o meu Civilized Man's Eight Deadly Sins do Konrad Lorenz que folheei curiosa e cuidadosamente para atestar a sua integridade física e calar o meu cepticismo.
Impecável. Muito amarelo e com aquele cheiro característico dos livros velhos.
Este meu post fez-me lembrar aquele da Ana.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
O Verão compensa
Diziam que este seria o Verão mais quente dos últimos 25 anos e afinal...
Confirma-se.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
O voo desordeiro de Eros - 2
"Assim (porque não afirmá-lo?), homens e mulheres, tenhamos por objecto preferencial de desejo indivíduos de um ou de outro sexo, somos, em termos de motivação erótica, seres poligâmicos com "crises", mais ou menos frequentes, mais ou menos duradoras, de monogamia. Em relação a esta última, os mais optimistas podem admitir tratar-se de um estado que tende para a cronicidade, mal se encontre a tal metade que procuramos; quanto aos cépticos, tendem a considerá-la como uma situação de crise aguda, um fenómeno intenso mas de curta duração."
O voo desordeiro de Eros - 1
Nestas férias, li uma entrevista dada a uma revista de um jornal por uma pessoa chamada Vasco Prazeres e resolvi imediatamente comprar o livro que essa tal pessoa, médico e sexologista, tinha acabado de publicar.
As razões parecem tontas mas o facto é que achei graça à pertinência do apelido e à poesia do título.
Afinal, até nem gostei do estilo e só comecei a apreciar o conteúdo a partir do segundo capítulo. Em todo o caso, li várias coisas que me fizeram pensar e outras que me fizeram sorrir.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
A kind of despair
O facto de não escrever poderia ser a tradução de uma legítima preguiça ou desinteresse. Ou então, a natural consequência de uma tristeza tranquila.
Mas não é. Consiste antes no resultado de um estranho estado de espírito, não completamente voluntário, nem agradável. Numa espécie de recolhimento forçado pela exaustão.
De um momento para o outro, tenho medo.
Eu que sempre confessei a alma e arrisquei dar a mão, sinto-me vencida. Constato, ainda meia aparvalhada, que nos tempos que correm, não suportaria ouvir um não.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Esgrima
You Are Fencing |
You find having an opponent to be challenging and rewarding. You are fierce when you're in a competition, but you don't wish your rivals any real harm. |
domingo, 10 de agosto de 2008
Fashion
Aqui está um esboço sobre o tema 'mudança de template'. A inspiração veio da blusa da Miranda July na foto abaixo.
Uma declaração de amor é uma coisa muito simples de fazer ao contrário
Eu, Tu e Todos os que Conhecemos
Christine - So, at the end of the next block we'll separate. At Tyrone Street.
Richard - Yeah, the "Ice Land" sign is halfway. It's the halfway point.
Christine - Ice Land is - It's kind of like that point in a relationship, you know, where you suddenly realize it's not gonna last forever. You know, you can see the end in sight. Tyrone Street.
Richard - Yeah, but we're not even there yet. We're still at the good part. We're not even sick of each other yet.
Christine - I'm not sick of you at all.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Esta pessoa
This person plunges underwater and moves her hair around like a sea anemone. This person can stay underwater for an impressively long time but only in a bathtub. This person wonders if there will ever be an Olympic contest for holding your breath under bathwater. If there were such a contest, this person would surely win it.
[daqui, o meu conto preferido do livro da Miranda July]
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Hey, Vicky hey! (2)
Aqui ficam vários excertos do tal artigo da Courrier:
"A Islândia é o sexto país com o sexto PIB per capita mais alto do mundo; onde as pessoas compram mais livros; onde a esperança de vida para os homens é a mais elevada do mundo - e não muito abaixo da das mulheres; é o único país da NATO sem forças armadas (foram banidas há mais de 700 anos); tem a taxa mais alta de telemóveis relativamente à população; tem o sistema bancário com a expansão mais rápida do mundo; as exportações são altíssimas; o ar é cristalino; a água quente chega a todos os lares islandeses, vinda directamente das profundezas vulcânicas; e assim por diante.
Toda esta felicidade, contudo, não seria possível sem a forte autoconfiança que define os islandeses, a qual, por sua vez, provém de uma sociedade culturalmente empenhada - como prioridade absoluta - em criar crianças felizes e saudáveis, independentemente do número de pais e mães.
As famílias entrelaçadas são uma tradição local (...) É normal terem filhos de mais de um homem. Mas são todos considerados da mesma família.
É um país essencialmente pagão, como os autóctones gostam de o considerar, livre dos tabus que geram tanta angústia noutros países. Isto significa que são pessoas práticas, mas também se traduz em muitos divórcios.
"Não é uma coisa de que nos possamos orgulhar" disse Oddny, com um pequeno sorriso, "mas a verdade é que os islandeses não mantêm relações deterioradas. Simplesmente, vão-se embora." E a razão por que o podem fazer é que a sociedade, a começar pelos pais e pelos avós, não os estigmatiza por fazerem essa escolha.
99 por cento das crianças, sejam os pais canalizadores ou milionários, recorrem aos sistema [de ensino] público.
"Queremos importar cérebros, não exportá-los. Queremos fazer o mesmo que os americanos fizeram com grande êxito: no nosso caso específico, criar uma universidade de elite na Europa, que atraia os melhores do mundo."
Ao contrário dos outros países nórdicos, tem impostos individuais e empresariais extremamente baixos.
Em 1940, 85 por cento da energia da Islândia provinha do carvão e do petróleo. Hoje, 85 por cento provém de água vulcânica subterrânea, que faz face a metade das necessidades do país, a um preço dois terçois mais barato do que a média europeia.
O país está cheio de escritores, pintores, cineastas e, como Oddny, de músicos excepcionais. Relativamente a escritores, metade da população parece já ter escrito um livro [!], como que inspirada pelo legado cultural único que a Islândia deu ao mundo - as sagas dos vikings do século XIII.
Hoje, ocupa-se a tempo inteiro a cuidar da mulher, que é inválida. O que lhe vale é que recebe dinheiro do Estado para o fazer, o que constitui uma boa razão (conforme com a cultura da coesão familiar) para que muitos idosos da Islândia não vivam em lares, mas em casa.
"As idades dos alunos variam entre os 6 e os 16 anos e todas as salas de aula, que visitámos sem sermos anunciados, eram um quadro de actividade alegre. Além da grande variedade de disciplinas obrigatórias para todos, da culinária à carpintaria, passando por todas as disciplinas tradicionais, o surpreendente era a capacidade criativa no ensino e o grau de ligação com os pais. Um dos métodos de ensino para os mais novos incluía o tatro para explicar História e Ciências."
"A filosofia por detrás de tudo o que fazemos é que temos de desafiar as crianças através de uma base educacional alargada, de as ensinar num ambiente caloroso e criativo, em que todos, sem distinção, merecem o mesmo respeito. Sem excepção."
"Há 100 anos, éramos uma das nações mais pobres, mas todos sabíamos ler e tínhamos mulheres fortes. Foi sobre esses alicerces que construímos políticas fortes. A minha opinião é que, para um país, mais importante do que não fumar e comer bem, são os fenómenos sociais a que aqui damos mais importância: igualdade, paz, democracia, água pura, educação, energias renováveis e direitos das mulheres."
Publicado no nº 150 de Agosto de 2008.
Hey, Vicky hey! (1)
Se há pouquíssimo tempo atrás, me falassem da Islândia, eu só seria capaz de relacionar este país com os vikings e, eventualmente, lembrar-me do nome da sua capital para poder responder correctamente a uma pergunta de Trivial.
Entretanto, um serendipismo ditou que comprasse a revista Courrier Internacional deste mês e que, ao mesmo tempo, começasse a ler o livro Gente Independente do conhecido escritor islandês Halldór Laxness.
Resultado: estou a ficar apaixonada por este país mágico onde vivem as pessoas mais felizes do Mundo.