Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Vida de mãe - episódio 42

Após uma segunda opinião médica igual à primeira, fui obrigada a aceitar o facto de que o meu filho vai ter de usar óculos, apesar de nem sequer ainda andar na primária.

Ódio. Eu tive de usar óculos a partir dos sete anos até ter conseguido convencer o meu pai a comprar-me umas lentes de contacto. Semprei detestei ser míope, de tal modo que no Verão não os punha e fingia que via. Parti não sei quantos pares e, hoje, quando por algum motivo extraordinário, estou impedida de usar lentes, custa-me sair de casa com um par de óculos agarrado à cara.

E, agora, como se não bastasse ter de carregar esta cruz, parece que a transmiti através dos meus genes, ao miúdo.

O pateta anda delirante com a ideia, ainda não percebi bem porquê. Em todo o caso, tenho a certeza que este entusiasmo vai ser de pouca dura e que logo que for obrigado a pô-los todos os dias, a partir do próximo ano lectivo, a sua boa vontade em relação ao assunto já não vai ser a mesma.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Um novo assessor de imprensa?

“O líder do PSD, Luís Marques Mendes, propôs hoje a criação de uma agência única para a gestão do Litoral dotada de um “envelope financeiro” que permita realizar uma...

E com isto queremos dizer:
a) Uma comissão para a Costa dotada de um saco de dinheiro?
b) Uma casa na Praia dotada de viaturas de serviço?
c) Uma mesa com vista para o Mar dotada de uma boa ementa?
b) Um barco de Pesca dotado de um portfolio azul?

Alguém anda a ler livros de auto-ajuda para gestores sem ideias.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Não faz a Primavera


Mas permite reconhecer uma amendoeira (ontem, no parque do costume).

Someone like me

Someone exactly like me.

Reconhecimento

Cheguei e não fui vista, mas eis que me vêm falar: “reconheci-te pelo espirro”. Coisas de uma grande amizade.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Pegar ou largar

Tenho constatado na pele a banalidade que consiste em alimentarmos relações insatisfatórias porque, sem assumirem nenhum compromisso, nos adoçam os ouvidos com meia dúzia de balelas que até podem ser sinceras mas que não dão resposta ao "sim ao sopas".

Primeiro, achamos que a pessoa não percebeu bem o que queremos dela e fazemos muito gosto em explicar melhor. Depois, não queremos acreditar que o outro já entendeu e voltamos a explicar tudo muito bem explicadinho vezes sem conta, até ouvirmos demasiados "tenho medo", "não sei" ou "amo-te mas é tudo muito complicado", até nos cansarmos e lhe pedirmos que nos esqueça (o lapso de tempo entre o início do relacionamento e este momento, pode ser estupidamente longo).

Nessa altura, o envolvido bate o pé, reclama mas acaba por aceitar terminar aquela coisa parecida com uma relação mas que não é uma relação.

E, finalmente, o silêncio instala-se, primeiro triste, depois libertador.

Contudo, umas semanas ou uns meses depois, toca o telefone. Apesar de já não andarmos a chorar pelos cantos, ainda andamos a pôr Betadine na ferida, quando o outro, egoisticamente, vem (só) ver como param as modas.

E então, surgem aquelas tiradas pseudoromânticas do tipo "desculpa lá mas queria muito voltar a ouvir a tua voz" ou "estava com muitas saudades tuas" ou então "precisava muito conversar contigo porque só tu é que me entendes" que só servem para nos desassossegar, sem trazerem nenhum querer novo.

É contra este apalpar de terreno requentado e indecente que eu me insurjo, sobretudo quando o outro nos diz que, independentemente de tudo, gosta de nós. É que se, de facto, nos preza, faça então um exercício de empatia e compaixão e reconheça humildemente que não é justo querer ter a manteiga e o dinheiro da manteiga e que, em suma, tenha a delicadeza de nos deixar definitivamente em paz.

Um ponto em comum com Truman Capote (o do filme)

Diz ele que se lembra de 94% das conversas que mantém.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Manhã na cama (2)

E ainda ontem, por volta do meio-dia, o vizinho pianista ensaiava o “As Time Goes By”.

Golpe baixo

Que cena romântica de filme é você?

Você é... a cena final de "Casablanca": A vida já lhe ensinou que as mais belas histórias de amor nem sempre acabam bem. Por isso, tem uma grande capacidade de continuar sempre com a sua vida e de não insistir no que já não tem solução. Restam-lhe as recordações.

[primeiro aqui, depois aqui; ambos com melhores resultados.]

Tirar teimas

s.f. 1. Desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão; 2. Crença, essencialmente crença religiosa sem fundamento; 3. Importância ou confiança excessiva e quase religiosa atribuída a certas coisas; crendice.

Como combinado, fui ver a definição ao dicionário. És supersticiosa e não se fala mais nisso.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Revenge

Jerry - What is the point of all this?
George - Revenge.
Jerry - Oh, the best revenge is living well.
George - There's no chance of that.

[Seinfeld, 2ª época, "The Revenge"]

Slides (3)

So on Monday, Lord, I’ll go before the Board and hear what adjective they give this life I live. It makes me laugh that they should write my epitaph. But somehow I’ll get by, I’ve got my slides, I will endure, living well is my best revenge, you can be sure. Yes, in times of doubt, in times of sickness, they’re my cure. Living well is my best revenge, you can be sure.

[de «Slides», Richard Harris]

Pub

"Magic Tronc" é um cilindro embrulhado. Presumo que seja de madeira mas não garanto, não cheguei a vê-lo. Seguindo as instruções, peguei fogo ao próprio invólucro e rodeei-o daqueles outros troncos que não têm magia nenhuma. É tão fácil acender uma lareira.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Hasta luego

A minha irmã mais nova foi ontem viver para Madrid. A meio da viagem, mandou um sms em que dizia: "Custa tanto! Acho que ainda não tinha caído em mim."

Ao contrário dela, eu já me tinha apercebido há vários dias que andava perturbada com a sua futura ausência e só não fiz publicidade do meu estado de espírito porque queria que ela partisse alegre e confiante.

Eu sei que ela tomou uma decisão ponderada e que vai ter sucesso na sua nova actividade profissional, sei ainda que não foi morar para o fim do mundo e que hoje em dia os meios de comunicação existentes nos permitem comunicar diariamente. Sei isso tudo mas também sei que gosto muito dela e da sua companhia e que senti um pequeno vazio quando soube que ela já se encontrava em solo espanhol.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Vida de mãe - episódio 41

Hoje de manhã, ao levar o meu filho à escola (disfarçado de Power Ranger encarnado, tal como no ano passado), encontrámos à chegada, uma colega da sala dele que, de vez em quando, é a sua namorada.

Vinha mascarada de rainha - como não podia deixar de ser - e veio logo ter connosco, para entregar um desenho ao miúdo. Fiquei completamente estupefacta quando olhei para o papel mas não precisei de lhe fazer nenhuma pergunta porque ela fez questão de antecipar as explicações, esclarecendo que tinha desenhado o D. com o cabelo em pé, ao lado dela, muitos corações e escrito o nome dos dois e ainda "dia dos namorados".

Enquanto a miúda, giríssima, ostentava um ar orgulhoso e desinibido, o meu filho andava à procura de um buraco no chão para se esconder. Estava roxo de vergonha e só queria que toda aquela manifestação de amor à frente da mãe terminasse depressa. Eu lá acabei com a tortura da criança, sugerindo levar o desenho para casa.

Quando voltei a entrar no carro, não pude deixar de me sentir emocionada com a cena que tinha acabado de testemunhar entre aquelas duas alminhas de quatro anos de idade e de chegar à conclusão romântica que, afinal, o dia dos namorados não serve só para encher os bolsos dos lojistas ou deprimir quem não tem par.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Slides (2)

This is the Grand Canyon, in the great State of Arizona. See there, the magnificent blend of all the colours of the rainbow. It is virtually unphotographable at any given point to so vast. The Colorado River trickles through its base like a deeply buried brook. Geologists say that with time and erosion the Pacific Ocean, some 300 miles West, will one day reach the Canyon and flow through there.

I camped here, see? Right there. Oh, what peace I found. The only sounds I heard were the sounds I made. No-no, it is true.

And here beyond, on a remote roadside stand, an Indian boy planted himself arms folded beneath a sign that said “seashells should lead the world”.

This is a hobo, a dying bread. A pity. He claimed that an inheritance fortune awaited him in a bank back East but he couldn’t care less.

There’s more of them. The one with the umbrella claimed to be the real Mr. Bojangles.

Sunset.

Another sunset. I know it looks undistinguishable from the last but I remember the difference.

Vancouver, British Columbia. I spent some time there at a ski lodge. Something so healthy and wholesome about skiers.

Like this one. She always seemed to appear when I took a slip on the slops where I had no business being. But I’d look up and there she’d be. And soon it happen that whenever she’d turned and look up, there I’d be.

The chalet. Inside there, by a warm fire, is where my mind has want to wander now. To the scent of pine and the taste of wine. You’re too young for wine now but make a note of it.

There she is again. We rented those horses for a day. See mine? His name was... Oh what was it now? I forget. Oh yes, it was sugar.

And there’s my friend again. She looks rather sad there. It seems that everyday, well, she always had some special plan for us.

And this, this is a beautiful Indian girl. Look at her! She and her secret mysterious ways. The pride of her people. Our sunshine, the said of her.

This was the road South into Oregon.

This is how logs are transported, long rafts that trail the northwest rivers.

Big Sur, California.

An old Spanish Mission.

Carmel, California. Those trees seemed frozen against the landscape. They remind me of a book I once heard of called The Cypresses Believe in God.

This was near the end of my adventure. The clock in my head told me it was time to leave. So that I was more concerned with seeing what I could first hand rather then rush for the camera. I find that travelling alone is somehow more realistic then with others. You find yourself in a new place all alone and you deal with it as oppose to when you’re with others who are familiar to you and in a sense shelter you from situations you would otherwise meet head on. You know what I mean? Besides, if your loved ones are with you, you have no one to go home to.

[de «Slides», Richard Harris]

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Slides (1)

‘Morning chaps. I’d like to welcome you back to the third form of your years, I trust you’ll thrive in here. Others in the past have come alive in here. Happy to say they found their way.

You recall I asked, back when I saw you last, that you’d consult my list of books for summer reading. We’ll go over those and others you’ll be needing for the coming year, if I’m still here. I suppose you heard the word that’s going about, my superiors doubt I’m fit to teach you. Have a nip before the game and they’ll impeach you. Forget about the fact that I reach you. I reach you.

Well, enough of that. Lets get on with it. I’ve arranged to show some slides that might amuse you. And if, of course, you’re bored, then I’ll excuse you. Though what you’re about to see, in times of sickness, is my cure, living well is my best revenge, you can be sure.

[de «Slides», Richard Harris]

Post-referendum

- Estás disposta a perdoar quem te tem ofendido?
- Claro.
- Todos, todos, todos?
- Err... podemos abrir uma excepção?

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Slides

Esta é a história de uma música cuja história é, à primeira vista, a de um professor que está prestes a ser expulso do corpo docente. Mas também é a história de uma pessoa qualquer que, como outra pessoa qualquer, quando tudo o resto falha, tem a que se agarrar. É ainda a história das suas viagens.

Por outro lado, a história da música cujas histórias são estas, é outra. Neste blogue, começou aqui. O Google fez, mais uma vez, maravilhas.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Manhã na cama

You can be Henry Miller and I’ll be Anaïs Nin
Except this time It’ll be even better, we’ll stay together in the end
Come on darlin’, lets go back to bed

[de «Morning Song», Jewel]

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Amanhã, no Museu da Electricidade

O referendo

A verdade é que o assunto do referendo me anda a entupir os posts. Haverá mais alguma coisa a dizer? Haverá cerca de três:

    O meu “sim” tem pouco de “foro íntimo”. Eu não preciso da despenalização do aborto. Há quem precise e, para quem precisa, a despenalização é um acto humanitário básico e essencial.

    O adultério da mulher era um crime punido com pena de 2 a 8 anos de prisão. O artº 372º do Código Penal, que permitia ao marido matar a mulher em flagrante adultério, sujeitando-se a um desterro de seis meses para fora da comarca, foi revogado em 27 de Maio de 1975. As pessoas evoluem, as leis mudam.

    Volto a dizer que não compreendo que se tenha fé em Deus e pouca ou nenhuma fé nos seres humanos. Está aqui (porque para mim as mulheres são responsáveis) uma boa parte da fundamentação do meu sentido de voto.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

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Chama-se fatboy.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Indo eu, indo eu...

A caminho de Coimbra.

Vamos lá ver se a segunda fase desta empreitada académica em que me meti, corre bem.