Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Pegar ou largar

Tenho constatado na pele a banalidade que consiste em alimentarmos relações insatisfatórias porque, sem assumirem nenhum compromisso, nos adoçam os ouvidos com meia dúzia de balelas que até podem ser sinceras mas que não dão resposta ao "sim ao sopas".

Primeiro, achamos que a pessoa não percebeu bem o que queremos dela e fazemos muito gosto em explicar melhor. Depois, não queremos acreditar que o outro já entendeu e voltamos a explicar tudo muito bem explicadinho vezes sem conta, até ouvirmos demasiados "tenho medo", "não sei" ou "amo-te mas é tudo muito complicado", até nos cansarmos e lhe pedirmos que nos esqueça (o lapso de tempo entre o início do relacionamento e este momento, pode ser estupidamente longo).

Nessa altura, o envolvido bate o pé, reclama mas acaba por aceitar terminar aquela coisa parecida com uma relação mas que não é uma relação.

E, finalmente, o silêncio instala-se, primeiro triste, depois libertador.

Contudo, umas semanas ou uns meses depois, toca o telefone. Apesar de já não andarmos a chorar pelos cantos, ainda andamos a pôr Betadine na ferida, quando o outro, egoisticamente, vem (só) ver como param as modas.

E então, surgem aquelas tiradas pseudoromânticas do tipo "desculpa lá mas queria muito voltar a ouvir a tua voz" ou "estava com muitas saudades tuas" ou então "precisava muito conversar contigo porque só tu é que me entendes" que só servem para nos desassossegar, sem trazerem nenhum querer novo.

É contra este apalpar de terreno requentado e indecente que eu me insurjo, sobretudo quando o outro nos diz que, independentemente de tudo, gosta de nós. É que se, de facto, nos preza, faça então um exercício de empatia e compaixão e reconheça humildemente que não é justo querer ter a manteiga e o dinheiro da manteiga e que, em suma, tenha a delicadeza de nos deixar definitivamente em paz.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como eu te entendo...

2:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É um fenómeno transversal a várias gerações...tanto tempo perdido...

11:47 da manhã  
Blogger JP said...

Do ponto de vista do outro, as coisas podem não ser exclusivamente assim tão simples. Dependem do tempo, ou seja, há outras que mudam de opinião conforme o tempo muda de estação e
quando o mar bate na rocha ... :)
Saudações Blóggicas

12:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Lee,

Eu pensava que tinha a ver com a direcção do vento também... de acordo com o instituto de metereologia e geofisica, ás 13h de Portugal Continental está confusa, ás 14h ama e ás 15h é só uma amizade.... :S

1:39 da tarde  
Blogger Tiago Simões said...

Brutalmente real. Dificilmente simples. Mas sempre uma fonte de inspiração para a escrita!

6:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nem mais!!!
São os chamados lonely rangers egoístas!

3:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nem mais!!!
São os chamados lonely rangers egoístas!

3:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Cumprimentos meu amigo novo! Que local colorido maravilhoso você tem aqui!

Tais fotografias encantadoras! Eu faço um blog é chamado demasiado que gledwood2.blogspot.com e você é a maioria de boa vinda a visitar.

É muito diferente a seu. É um blog secreto do diário que diz segredos e verdade que você não saberia. Eu olho para a frente a vê-lo lá.

Todo o mais melhor agora. Gledwood.

12:18 da tarde  
Blogger Sam said...

(desculpem lá, mas este lixo fica. Está excelente. Eu olho para a frente a vê-lo cá, também.)

2:13 da tarde  

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