Mais um tipo de género
A categorização é um instrumento importante para a socialização. Agrupar e catalogar é essencial numa primeira fase de contacto com pessoas ou coisas. O facto de a etiqueta aplicada poder inviabilizar uma segunda fase de contacto representa, só por si, uma vantajosa poupança de tempo e aborrecimentos.
A boa arte de categorizar pressupõe o recurso, ainda que momentâneo, a um espírito arbitrário, com alguma dose de preconceitos saudáveis e desprovido de qualquer sensibilidade ou compreensão pelo drama humano. É um regresso à infância.
A mais divertida é a categorização complexa. Pessoas ou coisas que proporcionam uma arrumação em diferentes grupos através do recurso ao hífen, ou seja, coisas ou pessoas que se situam na intersecção de vários conjuntos. Surpreendente é depararmo-nos com casos que apresentam características de grupos dificilmente intersectáveis.
Chamada a pronunciar-me sobre uma certa escrita (ou escriba?), e após alguma hesitação, classifiquei-a de pedante-ordinária. A escrita apenas pedante expurga o discurso de qualquer densidade intelectual e deixa-lhe o marcado tom pretensioso. A escrita sobretudo ordinária retira graça e linearidade à mensagem obscena retendo-lhe toda a vulgaridade. A mistura das duas tem zero em conteúdo e vinte em agressividade. A exposição aos textos, mesmo que motivada por elevados propósitos científicos, pode causar indisposição.
3 Comments:
Hummm... bem, não discuto a importância da categorização a nível do conhecimento científico, claro. E isto também inclui a psicologia, como é óbvio, onde mesmo assim o critério de subjectividade já é bem maior. Aliás, felizmente que já se reconhece que não existe objectividade em ciência, uma vez que o mero acto de observar modifica as características do objecto observado... a consciência é determinante em todo o lado!!!
Mas a aplicação desses critérios simplistas - os famigerados rótulos! - no relacionamente pessoal é um erro grosseiro, como qualquer pessoa com 2 dedos de testa pode já ter concluído por experiência própria.
A razão, aliás, é muito simples: não há categorização para o espírito humano e é com ele que nos relacionamos, no nosso contacto mútuo diário.
Logo, esse tipo de classificação "pedante" ou "ordinária"... ou brilhante e extraordinária!... pode qualificar uma escrita e mesmo uma personalidade, mas NÃO a Pessoa! smpre e sempre acima de tudo e qualquer rótulo limitante.
Que o Outro também sou EU!...
Rui leprechaun
(...infinito e puro Céu!!! :))
PS: Ah, já agora... Este é o tipo de escrita parvo-infantil... assim a modos de senil... de um Gnominho baril !!!!! :D
(E vá lá que só há um entre mil... sossegadinho e gentil! ;))
Claro, claro, tudo isso. Mas de vez em quando dá-me gosto cometer o erro grosseiro de aplicar um rótulo numa pessoa, só porque posso.
O mais importante é ter-me recordado um episódio fabuloso (ou assim me pareceu na altura) da série Modelo e Detective. Fica o resumo e o vídeo. Belos momentos.
O modelo e detective: dueto fabuloso.
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