Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

terça-feira, 17 de julho de 2007

Luto 2 - As causas

"A morte de um ente querido constitui um motivo primordial para a ocorrência de luto. No entanto, essa não é a única fonte, já que, outros factos da vida o poderão provocar. Todavia, é importante realçar que, quaisquer que sejam as causas que originem este processo, existe sempre um denominador comum a todas elas: a elevada importância afectiva que atribuímos à perda. Podemos, pois, sistematizar as causas de luto em cinco grandes grupos:

1. A perda de uma pessoa amada, em consequência da morte; da separação física, como a causada pela emigração ou pelo encarceramento; da separação conjugal, como a causada pelo divórcio; de uma conduta julgada não ética ou imoral, como quando os pais renegam os filhos, ou vice-versa, por serem toxicodependentes, alcoólicos ou criminosos, por se prostituírem, etc.;

2. A perda de alguém sobre o quem se tinha desenvolvido uma grande fantasia de afecto, como um feto abortado ou o nascimento de uma criança com malformação física ou deficiência mental;

3. A perda resultante de dano efectuado ao amor-próprio, como a amputação de um membro, a ablação de um seio e a paraplegia como consequência de um acidente rodoviário;

4. A perda de posição social, como a imagem pública, por desqualificação moral ou financeira; o estatuto profissional, através de desemprego ou despromoção; a importância de destaque, pela não eleição ou demissão de um lugar de notoriedade numa associação colectiva, como um clube ou um partido político; uma carreira profissional, por não atingir o curso universitário ambicionado;

5. A perda de objectos e animais com elevado valor afectivo, como uma jóia de família ou alguma coisa adquirida num momento especial da vida; os animais domésticos, de recreio e de trabalho.

Não julguemos, no entanto, que o luto se vive apenas em consequência de fenómenos muito importantes. A privação temporária ou definitiva de coisas tão banais quanto a leitura de jornais ou de livros, a condução automóvel e a visualização televisiva, as quais constituem hábitos de conforto, provoca em nós reacções profundas, típicas de um processo de luto".

Este texto foi retirado daqui.