Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A mitologia explica tudo

Durante a noite de ontem, senti o efeito curativo do diálogo no imenso tamanho da ferida.

Não sei se vinte anos vão chegar para nos reunirmos. Talvez seja preciso toda esta vida, e outra, ainda.

Entretanto, vou aprendendo a perder o medo da distância e a esperar o perdão.

Ulisses e Penélope de Chagall

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vim do sol e do calor de saber rir, das praias douradas onde amei o teu corpo.

No sabor de sal da tua pele lambi feridas antigas, no teu cabelo respirei a minha alegria.

O tempo correu solto e fácil e as noites adocicadas pelo teu perfume cantaram baixinho a areia que nos foi lençol.

Espreguicei-me nas coisas boas e tudo me foi devido, assim como era justo e perfeito na harmonia intemporal do meu verão.

Dono da vida e também dono de ti e do teu amor, bocejei saciado de tanto.

Soubera eu que o que me era dado servia um propósito. Propósito de conhecer os extremos que em sua essência infinita se confundem e se igualam.

Chegado ao meu Inverno, no meu nevoeiro boreal, arrepio-me com o frio que me repassa dos caloríferos sobreaquecidos da minha solidão. Olho a minha indigência e apiedado de mim mesmo ilusiono o falso brilho do meu vazio. Como se também ele, e a falta do muito e do tudo, fosse suficiente na sua própria justificação.

No estertor de um eu que se repete, que se rasga repetindo-se em círculos fechados e concêntricos, que chegam de nenhum lado e vão para parte alguma, anulo-me na ânsia estéril de ser tanto. E de tanto ser de mim para mim, quase esqueci de mim para ti.

10:10 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quase... É por isso que não temo o teu Inverno. Estou absolutamente certa de que ainda nos falta viver a Primavera juntos. Só não sei e não me importa quando.

10:42 da manhã  

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