O que será?
Ontem liguei à minha irmã e apanhei-a num dia de trabalho difícil. Muita responsabilidade, mil pessoas para manter bem-dispostas, o drama do sistema informático e assim. No meio da conversa em que já se falava de melhores opções profissionais, perguntou-me: "Tens ideia a que é que se refere a música «O Que Será Que Será»?" e toda aquela tensão, que já começava a contagiar-me, desvaneceu-se.
Pois aqui está um desafio que muito me agrada. Sacámos ambas do Google e começámos a cantar a letra com toda a atenção. Há mais de 20 anos atrás, quando sabia a música de cor, estava convencida que falava de revolução/política (devia ser do enquadramento). Afinal não e chegámos as duas à mesma conclusão (ou será do enquadramento?).
O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no bréu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo
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