Vida de mãe - episódio 31
Com três anos e meio, o meu filho tem cada vez mais o hábito de jogar ao faz de conta. Ele é simultaneamente argumentista e realizador. A mim, só me cabe desempenhar o papel que ele entender, de acordo com as suas mais variadas necessidades criativas.
A seu pedido, trocamos frequentemente de identidade ou então deixo de ser simplesmente a mãe para me transformar numa mãe-qualquer coisa (esta versão tem imensas variantes: mãe-dinossauro, mãe-power ranger, mãe-fantasma, etc.).
E coitada de mim quando ouso corrigir alguma deixa ou tento acabar com a brincadeira. Faz logo faz uma cara zangada e obriga-me a representar a minha personagem até ao fim.
Na sua última mise en scène, nós éramos amigos um do outro. E no meio de um enredo absolutamente estapafurdio, olha-me com um ar muito natural e diz: “Amigo, pede ao cavalo para ir ao oceanário buscar um peixe porque a vaca está com fome”.
Eu não aguentei o riso, soltei uma gargalhada e disse-lhe:”Filho, desculpa mas as vacas não comem peixe”. O miúdo não vacilou e ripostou imediatamente: “Eu sei, é a fingir.” E eu, vencida, não tive outro remédio senão ir dar o recado ao cavalo antes que a vaca morresse à fome.
1 Comments:
Fartei-me de rir.
É a fingir é a fingir, não há cá critérios de verosimilhança.
(e aquela da pergunta mais complicada?)
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