Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Vida de mãe - episódio 31

Com três anos e meio, o meu filho tem cada vez mais o hábito de jogar ao faz de conta. Ele é simultaneamente argumentista e realizador. A mim, só me cabe desempenhar o papel que ele entender, de acordo com as suas mais variadas necessidades criativas.

A seu pedido, trocamos frequentemente de identidade ou então deixo de ser simplesmente a mãe para me transformar numa mãe-qualquer coisa (esta versão tem imensas variantes: mãe-dinossauro, mãe-power ranger, mãe-fantasma, etc.).

E coitada de mim quando ouso corrigir alguma deixa ou tento acabar com a brincadeira. Faz logo faz uma cara zangada e obriga-me a representar a minha personagem até ao fim.

Na sua última mise en scène, nós éramos amigos um do outro. E no meio de um enredo absolutamente estapafurdio, olha-me com um ar muito natural e diz: “Amigo, pede ao cavalo para ir ao oceanário buscar um peixe porque a vaca está com fome”.

Eu não aguentei o riso, soltei uma gargalhada e disse-lhe:”Filho, desculpa mas as vacas não comem peixe”. O miúdo não vacilou e ripostou imediatamente: “Eu sei, é a fingir.” E eu, vencida, não tive outro remédio senão ir dar o recado ao cavalo antes que a vaca morresse à fome.

1 Comments:

Blogger Sam said...

Fartei-me de rir.
É a fingir é a fingir, não há cá critérios de verosimilhança.

(e aquela da pergunta mais complicada?)

11:02 da manhã  

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