Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

A viagem (5*)

Quando iniciámos o nosso regresso, começámos por um fazer um mini-cruzeiro entre a Grécia e Itália. Embarcámos num magnífico empreendimento turístico com nove andares, três elevadores, piscinas, dois restaurantes, um self-service, entre outras comodidades.

Ou seja, instalámo-nos no barco do amor. Os adultos numa cabine e as crianças noutra. A marcação, feita à última da hora, deu-nos direito a uma cabine em cada ponta da "pequena" embarcação. Tendo em conta a grande distância entre as cabines e a idade das crianças (9 e 11 anos), os adultos entenderam por bem dar-nos uma breve explicação sobre o que fazer em caso de emergência. Uma demonstração tipo hospedeira que, no fundo, se restringiu à tradução parcial das instruções penduradas atrás da porta da cabine.

Em caso de emergência acende-se esta luz. Vestem os coletes de salvação que estão neste compartimento. Saem da cabine e ficam à porta, à nossa espera. Faço notar que ninguém falou em qualquer tipo de sinal sonoro. Não. Apenas acende-se esta luz.

Terminadas as explicações, dadas as boas-noites e já com a cabine às escuras, eu, deitada na cama de cima do beliche, apercebo-me da terrível realidade: se adormecer não poderei controlar o eventual acendimento daquela luz tão importante. A solução foi passar a noite inteira a olhar para uma luz apagada no tecto da cabine. Não vacilei um minuto. Em duas ou três ocasiões estive mesmo para dar o alarme geral. A luminosidade que entrava em determinado ângulo, incidia naquele foco vermelho e quase parecia que a luz estava acesa. Foi uma tortura.

No dia seguinte, perante a minha cara de noite em claro, falaram-me em "sirenes". Tarde, demasiado tarde.

[*O quê? Lá porque passou um ano e tal.]