Jogos da minha vida (3)
Não gosto de ti. Um jogo estranho, agora que penso nisso. Chamávamos-lhe jogar ao não gosto de ti. "Queres jogar ao não gosto de ti?". As palavras soam-me tão familiares mas é como se nunca lhes tivesse percebido o sentido. [Um pouco como o «lead piping».] Consistia apenas em dizermos, uma à outra, "não gosto de ti". Depois deixávamos aquilo escalar um bocado: "já não gosto de ti mesmo", "não estou a brincar, não gosto de ti", "eu não gostava de ti primeiro", "estou a falar a sério, não gosto de ti" – não variava muito – e a primeira a desistir da escalada, perdia.
É(ra) um jogo que me causa(va) sentimentos contraditórios, mas é sem dúvida um jogo da minha vida.
1 Comments:
Era mesmo um jogo estranho.
Mas outro dia ouvi as minhas filhas num diálogo exactamente deste género, a ver qual delas resistia mais tempo...E, dos confins da memória, apareceu-me a lembrança deste jogo.
Será que Freud explica isto?
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