Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Clube das Virgens

Tal como vi num filme (The Wackness), também acho que é de desconfiar de qualquer pessoa que não goste de cães ou que não goste de praia. Mas acrescento à lista um indicador que ainda me suscita maior desconfiança: adultos que consideram a própria mãe como a sua melhor amiga e confidente. Que medo.

"Uma vez, a Ana Zanatti disse-me que se calhar eu não procurava um amor por ser tão apegada à minha mãe. Talvez ela tenha razão.
Vivo com os meus pais. O meu pai é reformado - era segurança, agora ou está a dormir ou está no café. A minha mãe é mulher-a-dias. Trabalha sempre perto de casa. Eu sou muito apegada a ela. Conto-lhe tudo o que me acontece. Falo com ela sobre tudo o que sinto. Gosto de sair com ela. Às vezes, quero ir com ela a qualquer lado e ela não quer e eu fico chateada. Se calhar devia libertar-me."
[da entrevista feita por Ana Cristina Pereira a Margarida Menezes, fundadora do Clube das Virgens, na revista "Pública" de 03.05.2009]

4 Comments:

Blogger ana said...

a mim assusta-me a mãe que transmite a(o) filha(o) que ela será sempre a sua melhor amiga.

10:40 da tarde  
Anonymous Cláudia said...

É assustador por muitos motivos.
- A parentificação daquela filha (substitui o pai na companhia à mãe?);
- a indeferenciação de papéis (ambas são confidentes uma da outra? têm as mesmas experiências,mas têm pessoas em comum nas suas vidas, com papéis diferentes) A mãe, desde os primeiros anos de vida que deve ser a pessoa que nos proporciona o "espaço potencial" de que Winnicott fala, ou seja, que nos ajuda na leitura da realidade e nos permite securizar, crescer e ir em busca das nossas explorações.
- e depois penso na importância do corte com os pais para a nossa identidade, para crescermos enquanto pessoas diferentes deles, prontas a seguir o nosso rumo, a nossa autonomia, para darmos os nossos próprios passos, e não andar em cima dos pés deles. E penso que só esse momento nos permite de novo voltar a eles, numa reconciliação, mas diferenciada, que nos permite ver as diferenças e defeitos deles, mas também só esse movimento nos permite aceitá-los.

7:53 da tarde  
Blogger o bicho furioso said...

...eu cá acho assustador pessoal de trinta e tal anos que vai a uma loja ver coisas e depois diz que vai pedir a opinião à mãe...

...agora, que a minha mãe é a minha melhor amiga, é. Que somos independentes, que cada uma tem a sua opinião, que ás vezes eu sou a filha e ela é a mãe, que ás vezes eu sou a mãe e ela é a filha, que discutimos, que se fosse preciso ela ainda hoje é capaz de me pespegar um estalo, que acha que tenho quatro anos apesar dos trinta e três e um cabelo branco, também é verdade. E também é verdade que nem sempre fomos amigas, ela era a chata da minha mãe que me envergonhava em frente aos amigos.

Por outro lado, moro a 300 e tal km dela. Se calhar, é por isso que somos tão amigas.

(mas pelo menos gosto de praia e de cães!)

6:12 da tarde  
Blogger Sam said...

Two out of three ain't bad.

11:00 da tarde  

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