Há dias, fui visitar um grande amigo do meu pai ao hospital. Estava lá internado por ter tido um acidente vascular cerebral, salvo da morte pela perspicácia de um colega de trabalho.
Este senhor tem cinquenta e muitos anos e vive completamente sozinho há muito tempo. O pai dele morreu cedo e a mãe e a irmã há uns anos. Nunca casou e não tem filhos.
Apesar de o conhecer e conviver com ele desde sempre, só me apercebi do seu grau de desamparo quando me deparei com ele, deitado numa cama, com a barba por fazer e as lágrimas a escorrem-lhe calmamente pela face.
De repente, percebi que em vez de uma conversa de circunstância, ele precisava de ser tocado.
Ignorei a vergonha e o preconceito e dei-lhe o meu melhor abraço, longo, apertado, amigo que ele agradeceu e retribuiu. E, enquanto discutíamos as incertezas do seu futuro, tive uma série de tempo a mão dele presa na minha.
Depois de o deixar, fiquei um bom bocado parada, incapaz de aceitar a dimensão da solidão dele e de como a total e reiterada ausência de contacto físico o fazia sentir-se menos humano que os outros.
2 Comments:
Esta Meg há dias que tem um coração maior que o mundo!
Todos os dias o tem. Felizmente nem todos os dias exigem que o mostre.
Parabéns pelo texto e pela atitude. Está comovente.
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