Escárnio e maldizer
No sábado à noite, numa festa de um amigo, sentei-me na mesa de um grupo de mulheres que já conheço há uma série de anos e não me espantei com o tema da conversa. Estavam a criticar duas convidadas que ninguém conhecia.
As raparigas eram bastante mais novas, mais giras e mais chamativas que qualquer uma das que estava a troçar delas. No entanto, elas conseguiram reduzi-las a pó com comentários desagradáveis, gargalhadas histéricas e olhares carregados de desprezo.
Não percebo. Estas mulheres, amigas umas das outras, não aproveitam as ocasiões em que estão juntas para conversar, debater e questionar assuntos referentes a elas próprias ou à actualidade. Não sugerem um livro que tenham lido ou um filme que tenham visto. Não discutem sobre um problema relativo a um filho, ao marido ou ao emprego. Não confidenciam os seus desejos ou angústias.
Só gostam de partilhar histórias mal contadas, formar boatos e falar mal de tudo e de todos. Embalsamadas naquele circuito social, mostram-se desencantadas com a vida, amargas e desinteressantes. Parecem ter sessenta anos mal vividos.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home