Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Querer saber

"Não me interessa qual é o teu modo de vida.

Quero saber o que anseias, e se ousas sonhar conhecer os desejos do teu coração.

Não me interessa que idade tens.

Quero saber se arriscas procurar que nem um louco o amor, os sonhos, a aventura de estar vivo.

Não me interessa saber quais os planetas que estão em quadratura com a tua lua.

Quero saber se tocaste o centro da tua própria dor, se estiveste aberto às traições da vida ou se te encolheste e te fechaste com medo de outros sofrimentos! Quero saber se consegues sentar-te com a dor, a minha ou a tua, sem te mexeres para a esconder, disfarçar ou compor. Quero saber se consegues viver a alegria, a minha ou a tua; se consegues dançar com loucura e deixar que o êxtase te encha até às pontas dos pés e das mãos sem nos advertires para termos cuidado, sermos realistas, ou nos relembrares as limitações de ser humano.

Não me interessa se a história que me contas é verdadeira.

Quero saber se consegues desapontar o outro para seres verdadeiro contigo mesmo; se consegues suportar a acusação de traição e não atraiçoares a tua própria alma.

Quero saber se consegues ser fiel e, por isso, digno de confiança. Quero saber se consegues ver beleza mesmo num dia não muito bonito, e se consegues alimentar a tua vida da presença de Deus. Quero saber se consegues viver com o erro, teu e meu, e mesmo assim ficar de pé à beira de um lago e gritar à Lua prateada, “Sim!”

Não me interessa onde vives ou quanto dinheiro tens.

Quero saber se, depois de uma noite de dor e desespero, exausto, dorido até ao tutano, consegues levantar-te e ocupares-te das necessidades das crianças.

Não me interessa quem és, como chegaste aqui.

Quero saber se permaneces no centro do fogo comigo sem te ires embora.

Não me interessa onde ou o quê ou com quem estudaste.

Quero saber o que te sustem interiormente quando tudo o mais cai à tua volta.

Quero saber se consegues estar só contigo mesmo; e se verdadeiramente gostas da companhia que tens nos momentos vazios".

[O Convite de Oriah Mountain Dreamer, escritora norte-americana, Maio de 1994]

1 Comments:

Blogger ana vicente said...

Obrigada por teres partilhado isso. Tocou-me mesmo. É como se as palavras, em vez de entrarem pelos meus olhos, saissem pela minha boca.

Logo hoje.

Tenho de ir à procura desse livro, está visto.

4:43 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home