Para mais tarde recordar
O meu pai convidou-me em cima da hora para um jantar em casa dele porque - a bem dizer - faltava uma pessoa para completar a mesa de oito lugares. Eu aceitei preencher a vaga apesar de achar que uma reunião de primos afastados cuja média de idades rondava os sessenta anos poderia não constituir o melhor programa para uma sexta-feira à noite. Enganei-me.
As banalidades ditas no início do jantar foram rapidamente substituídas por uma conversa séria, intensa e profunda sobre relações familiares, onde todos partilharam as suas histórias, algumas delas incómodas e outras até dolorosas.
Muitos de nós se emocionaram com os relatos e alguns até choraram ao ouvir ou ao contar os pormenores mais comoventes. Foram feitos, perante uma plateia, desabafos que normalmente apenas se sussurram ao ouvido do nosso melhor amigo.
No final da noite, despedimo-nos calorosamente sem vergonhas nem remorsos.
E eu fui para casa a meditar na surpreendente abertura que pessoas bastantes mais velhas e aparentemente muito tradicionais souberam demonstrar, ainda por cima na presença de um elemento absolutamente estranho que era eu, uma miúda de trinta e dois anos caída de pára-quedas naquela catarse familiar.
1 Comments:
Também eu...ou não fosse a Meg um bom catalizador!
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