Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Custa-te muito?

Vieram dizer-me que há certas e determinadas pessoas que se movimentam nas mais altas instâncias do poder executivo da organização em que me encontro profissionalmente inserida (lindo); ora, recapitulando, disseram-me que essas certas e determinadas pessoas terão ventilado que me consideram “antipática”.

Por sua vez, o prestimoso mensageiro que transmitiu esta informação – o meu chefe – apressou-se a esclarecer que tinha, de imediato, aplicado toda a sua veemência e convicção em contestar o ventilado, pois que só poderia resultar do facto de os sujeitos denominados, de forma abreviada e para simplificar (é um vício que eu tenho: simplificar sempre, simplificar tudo, mas depois, com mais vagar, farei uma adenda só sobre essa matéria concreta), “certas e determinadas pessoas importantes” não me conhecerem bem.

É evidente que há aqui, desde logo, uma percepção desacertada respeitante às especificidades das relações humanas, sejam pessoais ou profissionais. Parece-me indiscutível que somos tanto mais simpáticos com alguém quanto pior conheçamos esse alguém. Quer isto dizer que, se “certas e determinadas pessoas importantes” viessem a ter a oportunidade de me conhecer melhor (livra), teriam então razões sérias para me considerar antipática. Mas, enfim, foi o argumento arranjado para defesa da minha honra de pessoa simpática e o que conta é a intenção.

Não obstante, o dito mensageiro, porque leva em conta, acima de tudo, os meus interesses profissionais, aproveitou para acrescentar que não se perderia nada se eu me esforçasse: ele sabe que sou um poço de simpatia e alvitra apenas a hipótese de eu me esforçar por deixar isso mesmo transparecer na minha actuação quotidiana.

No sentido de dar o melhor seguimento a esta subtil sugestão, decidi que vou passar a dizer “bom dia” no elevador, em vez daqueles insultos ordinários que, até aqui, lançava indiscriminadamente sobre quem me aparecesse pela frente no interior do edifício, bastando para tanto que não o/a conhecesse bem. Pelo menos, durante o dia de amanhã.

2 Comments:

Blogger Sam said...

Simpática,eu?
Eu? simpática?
EU?
....?
Tu não me tires do sério!

4:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Preciso, apenas, de saber onde esse "simpático" Chefe (presumo que acompanhado daqueles que se movimentam nas altas instâncias do poder executivo) almoça.
Depois...deixa comigo!
(afinal, é para isso que se tem uma irmã mais velha; entre outras coisas, para nos proteger dos "simpáticos" deste mundo)

4:12 da tarde  

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