Sentimento procura-se
Um dia acordamos de manhã e não conseguimos encontrar o sentimento. A sensação é momentaneamente desagradável mas acabamos por sossegar o coração: ainda há dias o vimos, o que é vivo sempre aparece. Passam-se semanas, meses, anos. Aos poucos, começa a instalar-se em nós um mal estar que em determinada altura não conseguimos disfarçar mais. Resolvemos então tomar uma atitude e ir procurar o sentimento. Afastamos cortinados, remexemos gavetas, levantamos tapetes, vasculhamos a cave. Nada. O assunto começa a ganhar contornos preocupantes. Decidimos ir perguntar ao outro: "Olha lá, viste o sentimento? Estou farta de procurar mas não o encontro." O outro responde: "Agora que falas nisso, nem sequer te sei dizer quando é que me cruzei com ele pela última vez." Entramos em pânico e tomamos a decisão de arquitectar e pôr em prática um elaborado plano para achar o desaparecido. A partir daqui, das duas uma: ou o encontramos vivo, pregamos-lhe um grande sermão e voltamos com ele para casa desejando que não fuja nunca mais ou...o encontramos morto. Neste caso, só nos restará sepultar dignamente o defunto.
1 Comments:
há sempre «as 4» ou o teu piolho para te lembrarem a sensação... quanto ao resto, há-de tudo correr bem.
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