Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

segunda-feira, 6 de setembro de 2004

Contra-indicações

A Huma disse-me uma vez: “quem muito pensa não tem filhos; quem tem filhos não pode pensar muito nisso”. É possível adaptar a outros casos: “quem muito pensa não casa; quem casa não pode pensar muito nisso”. Acredito que há questões quanto às quais é contra-indicado pensar demasiado. É saltar com os olhos entreabertos (ou semicerrados), hopping for the best*.
Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.
Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.
Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo.
(Sophia de Mello Breyner, Homenagem a Ricardo Reis)
*expecting the worst não faz o meu género mas há quem diga que é uma boa técnica.