Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

segunda-feira, 16 de agosto de 2004

Os musicais

Sou fã e porquê? Tudo começou com o «Sound of Music» que vi no Londres. Não sei que idade tinha, mas o facto de as cadeiras descerem quando nos sentávamos ainda representava a grande mais valia de uma sala de cinema. Cheguei às óperas rock conhecendo três ao mesmo tempo: «Tommy», «Jesus Christ Superstar» e «Evita». Tinha 9 anos quando fiz uma viagem de carro pela Europa, que durou um mês, e esta foi parte substancial da banda sonora. Consumi todos os musicais exibidos na televisão e elegi como preferidos o «Annie», o «High Society» e o «My Fair Lady». Vi o «Chess» em Londres (1987) e o «Cats» em Nova Iorque (1996). O «On connaît la chanson» e o «Molin Rouge» trouxeram-me a novidade dos musicais sem música original. O «Chicago» retomou a tradição. Mas antes destes últimos três vi o musical que me explicou porque é que eu gosto tanto de musicais e que, ao mesmo tempo, perverteu a filosofia do género. Como disse a Selma: “In a musical, nothing dreadful ever happens”. À beira do cadafalso a Selma continua a brincar com as legítimas expectativas de quem está a ver um musical, e canta (com a melodia do “New World” que passa no final do filme): “This isn’t the last song / There’s no violins / The choir is quiet / And no one takes a spin”. Os finais tristes suscitam sempre a mesma reacção: isto não vai acabar assim; especialmente quando acreditamos nos musicais.