Viver também é morrer
Por ser um tema que me interessa, o namorado de uma amiga sugeriu-me a leitura dos livros de Marie de Hennezel, psicóloga da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário de Paris.
Já li o "Morrer de Olhos Abertos" e estou agora a acabar o "Diálogo com a Morte", de onde retirei o seguinte excerto por achar que sintetiza uma das ideias-chave da autora, com a qual eu concordo o mais possível.
"Quando nada mais resta fazer, podemos ainda amar e sermos amados, e muitos moribundos, no instante de deixarem a vida, nos têm lançado esta mensagem pungente: não passem ao largo da vida, não passem ao largo do amor. Os últimos instantes da vida de um ser amado podem constituir a ocasião de ir o mais longe possível com essa pessoa. Quantos de nós aproveitam essa ocasião? Em lugar de olhar de frente a real proximidade da morte, fazemos de conta que ela não vai chegar. Mentimos ao outro, mentimos a nós próprios e, em vez de dizer o essencial, em vez de trocarmos palavras de amor, de gratidão, de perdão, em vez de nos apoiarmos uns aos outros para atravessar esse momento incomparável que é o da morte de um ser amado, pondo em comum toda a sageza, o humor e o amor de que o ser humano é capaz para enfrentar a morte, em vez de tudo isso, esse momento único, essencial da vida, é rodeado de silêncio e solidão."
1 Comments:
É uma verdade triste...
Mesmo quem concorda com a eutanásia em algumas situações clínicas não pode deixar de lamentar essa solidão.
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