Nota de intenções
de Marco Martins:
Interessava-me na história de "Alice" explorar sobretudo a obsessão. Alguém que perde uma filha e que, sentindo-se impotente para agir, cria um sistema paralelo de funcionamento, exterior à sociedade em que vive.
Quando, à noite de regresso a casa, vemos os vídeos de Mário e toda aquela multidão anónima, em movimento continuo, já não sabemos se aquelas imagens são reais se apenas existem na cabeça de Mário.
Um rosto igual a outro rosto, uma rua igual a outra rua, um dia igual a outro dia.
A cidade como local de abstracção onde, alguém como Mário, pode estar profundamente isolado. Na procura de Alice, Mário conhece outras personagens, também elas, de alguma forma, sozinhas também elas isoladas na cidade onde vivem.
"Alice" é sobretudo um filme sobre a ausência. Uma história de amor de um pai por uma filha.
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