Os contos de fadas (ou O Instituto Alemão)
[Comecei ontem a ler o livro «Psicanálise dos Contos de Fadas» (de Bruno Bettelheim), oferecido nos anos por alguém que me conhece.]
Durante a 4ª classe, ao longo desse ano lectivo, tive aulas no Instituto Alemão. O horário era pós-escolar, pelas cinco ou seis da tarde. No entanto, como o Instituto estava aberto à noite, eu ficava por lá até às oito e tal, hora a que me iam buscar.
O Instituto Alemão tinha umas instalações excelentes. Gostava imenso das horas que lá passava mesmo sem aulas, ou especialmente sem aulas. Lembro-me muito bem dos radiadores do aquecimento central, do conforto das salas, da extrema limpeza das casas-de-banho. E lembro-me, em particular, da principal atracção: a biblioteca.
A biblioteca tinha pouquíssimos livros em português. Ao fim de um mês já tinha lido demasiadas vezes aqueles que me interessavam: todos os de contos dos Irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen. Em compensação, dispunha também de pontos de escuta de música com auscultadores.
Era com imensa relutância que pegava num livro em alemão, a menos que tivesse mais desenhos do que palavras. Para aprender alemão já me bastavam as aulas. Aquelas eram horas de lazer.
Um dia deparei-me com um novo livro de contos mas em alemão. Peguei nele sem a mínima intenção de o ler, só para o ver ao pormenor. A sensação era de aflição: aquelas histórias todas ali na minha mão e eu sem poder lê-las. Analisei demoradamente as páginas ilustradas e depois comecei a dar atenção ao texto. Em cada frase percebia duas ou três palavras. Resolvi tentar compor as histórias a partir das palavras soltas e com a ajuda das ilustrações. Cheguei a levar o livro para casa, mas desisti ao fim de umas 10 ou 15 páginas, completamente exausta.
2 Comments:
Psicanálise dos Contos de Fadas? Lá se vai a beleza da Cinderela.
Tenho esse livro em francês e adorei!
Claro que nos tempos que se seguiram pensava duas vezes, quando oferecia contos de fadas ás minhas filhas, mas no fundo, é capaz de ser uma subtil iniciação à sexualidade, sem ter que explicar tudo...
Quanto ao Instituto Alemão, duas vezes comecei, por duas vezes abandonei...mas não hei-de morrer sem falar alemão. É um projecto para a terceira idade, que ainda não tenho tempo...
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