O gordo
A Fundação Portuguesa de Cardiologia (link na imagem) lançou uma campanha de sensibilização para o problema do excesso de peso nas crianças, fazendo-o, entre outros meios, através de um cartaz em que o miúdo gordo não tem nome - é o “gordo”.
As campanhas de sensibilização devem conseguir chamar a atenção e causar impacto nos destinatários da mensagem. Os destinatários desta mensagem são os adultos que, por razões de parentesco ou quaisquer outras, tenham a responsabilidade de cuidar da alimentação de crianças.
Ainda neste Sábado, a Huma contou-nos a impressão que lhe causou ouvir uma professora referir-se ao seu sobrinho como “aquele miúdo gordo”. O nosso sobrinho é imensas coisas: tem jeito para a música, é carinhoso, percebe imenso de computadores e, é verdade, está um bocadinho gordo, mas ainda não cresceu, vai dar um grande salto. Ouvir uma quase desconhecida referir-se a alguém de quem gostamos como “o gordo”, em especial quando esse alguém é uma criança, tem consequências. E a consequência que teve, logo naquela conversa, foi pôr-nos a falar da alimentação das crianças e, por exemplo, da necessidade de ser feita uma triagem aos produtos alimentares vendidos nas cantinas das escolas.
Penso que a campanha está bem conseguida no seu propósito de incomodar e impressionar quem, tendo crianças a seu cargo, tem também o dever de se preocupar com a sua alimentação, impondo todas as restrições que sejam devidas.
O Luciano considera que o cartaz tem requintes de crueldade. Admito que possa haver crianças que, percebendo a mensagem, se sintam atingidas. Mas nada que se compare com ser tratado pelos amigos lá da escola e, se calhar, até pela professora, como o “gordo”, ou com ser sistematicamente excluído de actividades, grupos e brincadeiras, por essa razão. Esse “tratamento” faz parte do seu dia-a-dia e é possível que a criança nem consiga expressar o desgosto que isso lhe causa. Ou seja, só para os pais, tios, professores, etc., do miúdo gordo é que a crueldade está no cartaz.
1 Comments:
Eu tropecei aqui neste blog, e li o comentário da Meg.
Devo dizer que em criança eu era uma "trinca-espinhas" terrível, achava comer uma perda de tempo. Adorava bitoques, sumol de ananás, purá de batata com salsichas e ovos mexidos, e doces, montanhas de doces. Comia açucar amarelo à colherada, leite condensado à lata inteira, Toffee Crispies e Chocolates Regina, rebuçados, batatas Pala-Pala, pastilhas pirata, Epás, Pernas de Pau... fora os bolos em casa que se faziam para as festas. Tudo isto regado de uma dose muito pouco saudável de Smarties (davam para fazer uns brinquedos giros depois com o tubinho). Mas em contrapratida passava os dias a correr, saltar, saltar à corda, andar de bicicleta, subir às árvores, o que me valeu muitas vezes o muito detestado epíteto de maria-rapaz, mas me manteve em excelente estado de saúde e em boa forma até à altura em que tirei a carta e deixei de andar a pé.
Nem sempre a comida é a pior culpada, mas sim a inércia. É claro que não se deve comer MacDonalds, é horrível ou qualquer outra fast food. Mas é preciso muito exercício e muita rua e muito sol, para se manter a forma dos nossos meninos de hoje :)
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