Vida de mãe - episódio 52
Na quarta-feira passada, o D. chegou a casa com uma lagarta.
Eu mal olhei para ela. Aqueles insectos mutantes causam-me um nojo tão irracional quanto indisfarçável.
Ele ficou espantado e depois desiludido com a minha reacção. "Oh mãe, tu não gostas de bichinhos da seda? Porquê? São tão queridos. Esta é uma fêmea e chama-se Kika."
Embora contrariada, aceitei que o bicho passasse a noite na cozinha, bem fechado numa caixa de cartão e na condição de ser rapidamente expatriado para casa do pai do D.
De manhã, o miúdo saltou da cama para ir cumprimentar o seu novo animal de estimação e constatou, muito aflito, que ele já não tinha comida. "Mãe! É preciso arranjar-lhe folhas de amoreira."
"Folhas de amoreira?! Mas onde é que se encontram e como são? Eu não faço a mínima ideia." O meu filho não acreditou na minha ignorância e confiou-me, à força, aquela missão quase impossível.
Deixei-o na escola, fui trabalhar e não me voltei a lembrar da minha espinhosa tarefa senão ao final da tarde, a poucos metros de casa.
Fiquei roxa. E agora? Olhei à volta, vi uma árvore qualquer e arranquei-lhe um ramito, num gesto de esperança estúpida.
Quando me viu com um par de folhas na mão, o D. ficou todo contente. Ele tinha a certeza que eram de amoreira e foi dá-las ao bicho que, obviamente, não fez grande festa ao cheirar o jantar.
E eu já só pensava no drama do dia seguinte quando ele fosse encontrar a minhoca morta por inanição. Mas não. Surpreendentemente, ela conseguiu sobreviver o tempo suficiente para, desde ontem, se encontrar a salvo num outro lar mais hospitaleiro que o meu.
3 Comments:
ó meg, um só bicho sa seda, um só? bem podias ter-me vindo visitar, levavas daqui folhas de amoreiras para o bicho da seda do teu filho e dos colegas.
Por falar nisso... Um destes dias, se não te importares, terei muito gosto em combinar um chá.
Quando quiseres.
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