Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Código Da Vinci - O filme

Há cerca de dois anos, manifestei aqui o gozo que senti ao ler aquele livro. Hoje, tive a oportunidade de ver o filme que muitas pessoas já criticaram e até gozaram.

Francamente, não consigo perceber porque é que esta película foi tão severamente julgada. O realizador e os actores são bons, o argumento é cativante e tem o mérito de não distorcer o texto do Dan Brown.

Penso que tanto achincalhanço só pode estar relacionado directa ou indirectamente com o tema abordado. É evidente e até natural que o assunto incomode muita gente que se sente chocada com o facto da história pressupor a eventualidade de Cristo ter sido casado com Maria Madalena e de, consequentemente, ter deixado descendência. Percebo que a forma como o autor coloca desassombradamente a questão fira a fé que professam.

Contudo, e sem querer ofender ninguém, confesso que simpatizo com a ideia do papel subalterno conferido pelo Cristianismo à mulher não ter sido divinamente atribuído mas decretado por seres humanos com uma determinada concepção utilitarista da religião, não me repugnando também a eventualidade dos textos sagrados terem sido adaptados de acordo com as conveniências do poder da época.

Além disso, achei piada ao facto do início da trama se desenrolar no museu do Louvre, interessante aquela leitura alternativa do quadro do Leonardo da Vinci e convincente, a caracterização do assassino Silas. E não me parece que o tema tenha sido tratado com o intento de denegrir a pessoa e a vida de Jesus ou com a pretensão de constituir um documentário histórico.

Em resumo, o filme não defraudou as expectativas que a leitura do livro me tinha criado.