Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Vida de mãe - episódio 25

O meu filho anda numa luta declarada pelo poder.

Faz gala em não obedecer, desrespeita o castigo que lhe imponho e revolta-se contra a palmada que lhe dou quando acabo finalmente por perder a paciência.

Quer mandar e está genuinamente convencido que é um direito que lhe assiste.

Tem uma evidente alergia à palavra "não" e domina a arte da argumentação. Já aprendeu a dizer, quando está zangado, que sou má e que já não gosta de mim.

Tenho lido e ouvido dizer que esta fase déspota da infância é mais ou menos normal mas isso não me conforta nada. Há dias em que fico de rastos e me sinto completamente incompetente, sem recursos para gerir o furacão insolente em que o meu filho se torna.

3 Comments:

Blogger ana said...

eu acho muito muito bom sinal ele ter a liberdade para dizer isso tudo! força nisso meg! força força força!

9:56 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A adolescência caracteriza-se também por uma maior probabilidade de comportamentos inadaptados, os quais se devem a uma inadequação das defesas psicológicas usadas no confronto com os conflitos e tensões internas.

É nesta altura que se processa a formação da identidade e, portanto, que se gera a possibilidade de surgimento de crises de identidade.

Em termos de desenvolvimento cognitivo opera-se algo de muito importante: surge o pensamento hipotético-dedutivo. É-lhes agora permito pensar de uma forma completamente nova e fascinante - podem chegar a conclusões e níveis de relexão que outrora lhes era interdito (por isso se julgam detentores da razão e do conhecimento absoluto:) )

Todas estas alterações são bastante ansiogénicas não só para o adolescente, como para os pais, que vislumbram a possibilidade de "perder" o seu "bebé".

Na verdade, os adolescentes estão a realizar a transição de um sistema de apego mais centrado na família, para um sistema mais centrado no grupo de iguais e/ ou numa pessoa amada. Contudo, penso que este afastamento (por vezes agressivo, violento) em relação aos pais é necessário para que possam crescer. Aliás, se a vinculação com a mãe não tivesse sido boa, se a relação entre os dois não tivesse sido significativa, provavelmente não verificaríamos este choque que agora está a experienciar com o seu filho. Será qualquer coisa como "é exactamente porque gosto tanto de ti, mãe, que agora tenho de me afastar - só assim poderei crescer." Este é um espaço necessário para que o desenvolvimento ocorra.

Claro que não é fácil lidar com todas estas mudanças. Mas o seu filho não vai deixar de a amar, pelo contrário, este sentimento está a fortalecer-se. O afastamento só se verifica, porque há a certeza inconsciente de que a mãe não o abandonará jamais.

11:57 da manhã  
Blogger inês said...

ele está a crescer, a criar a sua própria personalidade. é cansativo, mas não é também fascinante?

sei que não te vai confortar, mas costuma dizer-se que os três anos são uma espécie de primeira adolescência.

se quiseres, empresto-te o livro do brazelton, que explica isso tudo...

força!

12:58 da tarde  

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